Depois de muito tempo, finalmente venho
falar do livro que deu origem ao nome do blog. Não sei se posso dizer que esse texto é
uma resenha, porque acho que acabei ficando próxima demais do livro pra falar
de forma suficientemente objetiva. Porém, para quem tem curiosidade com relação
a Trem noturno para Lisboa e quer uma
opinião de alguém que o leu, isso pode servir.
O livro conta a história de Raimund Gregorius, que é suíço e mora em Berna. Ele é professor de línguas antigas (latim, grego, hebraico) em uma universidade. Certo dia, indo trabalhar, ele encontra uma estranha em uma situação difícil e tenta falar com ela. Percebendo um sotaque estrangeiro, pergunta que língua ela fala, ao que ela responde (com sotaque de Portugal) "português". Gregorius – de quem o livro trata sempre pelo sobrenome – fica encantado. Acaba por ir a uma livraria atrás da língua portuguesa, procurando formas de aprendê-la. É aí que ele encontra um livro cuja capa contém os dizeres "AMADEU INÁCIO DE ALMEIDA PRADO, UM OURIVES DAS PALAVRAS!". O livro, é claro, é em português. Depois de conseguir que o atendente da loja traduzisse alguns trechos para ele, se interessa e leva o livro.
Então não quer – não pode – mais estar em
Berna. Gregorius, um homem que sempre fazia as mesmas coisas e mantinha uma
rotina praticamente inalterada, decide largar tudo e ir de trem até Lisboa. O
principal motivo? O livro de Amadeu Inácio de Almeida Prado. Prado era um
médico de Lisboa e os textos escritos por ele se encontram no livro adquirido
por Gregorius. Falam sobre como as pessoas se relacionam, sobre morte, sobre a
vida pessoal de Prado, sobre religião, sobre ética, sobre tudo. Amadeu era um
filósofo. Gregorius, uma vez em Lisboa, tenta descobrir sobre a vida de Prado –
através de pessoas que o conheceram – e passa a refletir cada vez mais sobre o
que lê no livro. A busca por informações sobre o médico leva Gregorius a percepções não
apenas envolvendo Amadeu, mas também ele próprio.
Eu comecei a ler Trem noturno para Lisboa no final do ano passado e só fui terminar
agora no início de julho, sendo que sou daquelas que leem um livro em
pouquíssimo tempo. Pode até ser que o livro seja introspectivo em muitas partes
e isso faça dele uma leitura mais lenta, mas essa não foi a principal razão da demora. Comecei, interrompi pra ler o segundo livro de uma série
(malditas coisinhas viciantes), as aulas voltaram – e eu, por motivos de foco,
não leio nem uma letra quando estou em aula –, os feriados foram poucos e muito
ocupados... só deu pra voltar a ler mesmo nas férias. E, mesmo com tempo livre,
ainda demorei um pouco para terminar.
É bem curioso. Quando não se está lendo o livro,
mal dá pra lembrar dele – não tem um ritmo alucinante que faz com que
você passe cada segundo querendo voltar a ele. Mas é gostoso de ler, o momento
em que se está lendo é sempre muito bom. É difícil de explicar. Tem personagens
muito bem construídos, histórias incríveis e descobertas constantes, nunca se sabe o que esperar. Logo no início já sabemos que Prado está morto, então
tudo o que Gregorius vai descobrindo é passado, não vai mais mudar. Tudo muito
interessante, mas não cria tanta expectativa assim. A graça está no que se
aprende e se conhece ao ler – o livro se torna um conforto. Durante vários
meses, minha "leitura da vez" foi Trem
noturno para Lisboa. Foi horrível terminar: o potencial pra uma ressaca
literária era imenso. Só me forcei a passar pro próximo livro porque daqui a
pouco as aulas voltam e não há tempo a perder.
Fico em dúvida quanto às minhas indicações
com relação ao livro. É bem adulto, quem gosta mais de YAs e afins, por
exemplo, não sei se iria gostar. Porém eu também gosto dessas coisas e amei.
Não sei se foi pela ideia de se perder em um país desconhecido, pelo meu amor
por línguas ou pelas "viajadas" que o livro dá, mas recomendo muito,
a menos que você seja super impaciente e careça desesperadamente de ação e
romance – não é esse tipo de leitura. Não causa anseio por continuações ou por
saber mais (talvez só um ou outro detalhezinho), apenas saudades de quando se
estava lendo.
Encontre: Saraiva
O filme me capturou..... acho que o livro também irá..... vou ler.
ResponderExcluirabraço e grato pela resenha, seu blog também vai pra meus favoritos.