Há alguns meses, a Sony Computer Entertaiment e a desenvolvedora Naughty Dog
lançaram no cenário mundial sua maior criação dos últimos anos. A dupla, que desenvolveu
o já clássico Crash Bandicoot na geração anterior, no PS2, apostou
todas as fichas em um game de sobrevivência ambientado em cenário pós
apocalíptico de uma pandemia zumbi. A temática tem crescido muito nos últimos
anos com a onda de seriados, quadrinhos, filmes e tudo o mais que se possa
fazer e colocar zumbis dentro. Este ano, a Amazon coroou The Elder Scrolls
V: Skyrim, de 2011, como o game da geração, a grande febre e o que
mais inovou nos últimos anos. Pessoalmente presenciei discordâncias dessa
escolha vindas de jogadores que acreditavam que os first person shooters
como Call of Duty e Battlefield seriam mais dignos da honraria. Um
grupo menor – mas crescente – de fãs defendia que o lançamento The Last of
Us era o melhor jogo da geração. Como um fã assíduo das aventuras de
Tamriel, de Skyrim, sempre achei impossível que um jogo tão cedo se
igualasse a ele, quiçá superasse, mas mudei de ideia logo nos primeiros minutos
com The Last of Us.
Joel e Ellie se escondendo de caçadores. Fonte: divulgação. |
O jogo me surpreendeu nos primeiros minutos. É completamente
dublado em português, opção que agora é disponível na grande maioria dos lançamentos
e que eu normalmente dispenso. Mas, por recomendação de um amigo, dei uma
chance à dublagem, que está realmente boa. O jogo começa com um prólogo que nos
apresenta a Joel, o protagonista que controlaremos durante o jogo. Durante esse
prólogo, conhecemos a vida de Joel, e o jogador mais atento – que souber
explorar o primeiro cenário meticulosamente criado, que é a casa de Joel –
perceberá as dicas que os produtores deixaram. Por exemplo: em um cômodo da
casa, há um jornal com uma matéria sobre as últimas semanas da epidemia que tem
tomado as grandes cidades e o fracasso da OMS na elaboração de uma vacina para
a doença.
Após o prólogo, que dura poucos minutos de gameplay,
temos uma nova cutscene com trechos de noticiários explicando por cima a
epidemia que tomou o mundo. Nesses primeiros minutos, eu ficava boquiaberto com
o jogo, que é surpreendente em todos os aspectos. Não há melhor mídia para contar
histórias e que gere uma imersão tão grande quanto os videogames, e The Last
of Us é o supra sumo de todos os jogos. O roteiro é afiado, sucinto e
convincente; a ambientação é sensacional, inteligente, e realista; as
sequências de luta e ação são violentas, sangrentas e arrepiantes, do tipo que
te arranca uma exclamação de prazer ao estourar o crânio de um infectado contra
uma parede.
O tempo presente do jogo se passa vinte anos após os
fatos do prólogo. Os Estados Unidos – e acreditamos que o mundo todo – foram
devastados pela doença. As pessoas se agruparam em bairros fortificados,
cercados por muros e com os perímetros guardados por soldados do exército. O
governo distribui uma cota de cartões de comida, que são como tíquetes-alimentação
que as pessoas trocam por suprimentos nos postos do governo. As cidades são
seguras, ao menos por cima dos panos. Joel, nosso protagonista, que já está
grisalho e mais velho – embora continue com o mesmo físico de antes, se não
ainda mais forte e magro, o que talvez se justifique pela escassez de comida e
rotina de correria e luta por sobrevivência –, é um agente free-lancer e
trabalha no mercado negro com contrabando de armas. Em um ponto do jogo, ele
confessa ter trabalhado como caçador, que é como são denominados os bandidos
que sequestram e matam pessoas em zonas desertas e sem proteção das cidades
para roubar seus suprimentos.
O visual das cidades, após anos de descuido. O jogo é um espetáculo no visual gráfico. |
A história principal do jogo começa quando Joel e Tess - a parceira de Joel no contrabando de armas- se metem em tretas e se envolvem com os Vaga-Lumes,
uma milícia que o exército e o que resta do governo hostilizam e tratam como
terroristas, pois há uma desconfiança de que eles sejam os grandes responsáveis
pelo vírus que devastou o mundo. Joel acaba por aceitar uma missão da líder dos
Vaga-Lumes: escoltar a garota Ellie até um grupo de outros agentes, do
outro lado do país. A importância da garota para a milícia dos Vaga-Lumes não é
revelada por Marlene, a líder, mas, logo nos primeiros minutos jogando com este
novo objetivo, já é possível deduzir o que há de errado com ela.
O jogo segue com sua mecânica excepcional. Da mesma forma
que God of War inovou no gênero hack and slash, The Last of Us inova em sua jogabilidade
de forma tão inédita que, com base nela, é impossível classificar o jogo. Ele
tem elementos de games de estratégia, dos fps de tiro e de games de ação
com grandes mapas interativos, como Assassin's Creed e Uncharted.
É um game com uma grande história de suspense meticulosamente escrita, que
funciona como filme de terror e ação também.
The Last of Us
é um divisor de águas nos videogames, uma verdadeira masterpiece do
gênero, que deveria ser levado mais a sério como mídia e ferramenta de criação
de ficção. Os videogames, pela interatividade que gera uma imersão maior e
identificação mais profunda com a história, são, na opinião deste que vos fala,
a mídia definitiva para a ficção. Grandes trabalhos caprichados desde a parte
gráfica até o estúdio de dublagem e trilha sonora, como The Last of Us, são a prova de que a plataforma está crescendo,
ficando mais séria e merecendo ser tratada com mais seriedade.
Veja o trailer dublado do game:
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