Y: O Último Homem vol. 1, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra


          Por mais que eu goste de – adore, cultue – quadrinhos de super-heróis, de vez em quando enjoa e, quando o ano virou, eu estava bem cansado da minha rotina mensal Batman–The Walking Dead (exausto desta última, torcendo para que acabe logo). Então fui atrás de HQs da Vertigo, que é uma editora americana que publica quadrinhos mais adultos, pois já fazia um tempo que eu não comprava as HQs deles.
         Procurei, procurei e uma HQ sobre a qual encontrei muitos elogios foi Y: O Último Homem. Eu já havia visto muita gente que idolatrava essa HQ em eventos e na internet, mas nunca tinha tido a chance de lê-la. Na última Fest Comix (outubro de 2012), até procurei os encadernados da série, mas não encontrei o primeiro.
        Restou-me a saída politicamente incorreta – baixar as revistas na internet. Encontrei um file com todas, da 1 a 60 (a série já acabou faz alguns anos), e corri para baixar o volume um, que leva o nome Extinção.


A capa do primeiro volume da série
          Y: O Último Homem tem como protagonista um cara chamado Yorick, meio vagabundo, aspirante a escapista, que vive em Nova York com o seu mico de estimação, o Ampersand. É filho de uma congressista e é claro que, por isso, são esperados grandes feitos dele. Ele namora Beth, que estuda na Austrália. Sua mãe está sofrendo pressão no Senado com uma emenda que faz com que o Estado forneça ajuda externa a clínicas de aborto. Ela vota contra a emenda e sofre pressão de seus colegas de Congresso para que vote a favor, correndo o risco de não se reeleger se não o fizer.
          Também temos Alter, uma militar firme, baseada nos conflitos palestinos em Nablus, na Cisjordânia. Alter é feminista assídua e, ao contrário do grande estereótipo, não é pacifista, nem um pouco: é uma das personagens mais vacas fortes da série. E também há a Agente 355, do Círculo de Culper (Culper Ring), que está em missão em Al Karak, na Jordânia. Pouco é revelado sobre ela, além de sua possível nacionalidade americana por estar a serviço desse governo.
          Ok, ok, temos personagens e o que fazem, temos seus conflitos, mas e o conflito da HQ? Uma praga, sobre a qual não é explicado nada (pelo menos até onde li, volume 3), mata TODOS os seres vivos de cromossomo Y. Cada último esperma, feto e mamífero macho no mundo morrem juntos em um pandemônio. Cerca de 48% de toda a população global é exterminada instantaneamente. 85% dos representantes governamentais estão mortos, assim como 100% dos sacerdotes católicos, Rabinos e Imans muçulmanos.
          Todos os homens se foram e, como muitos cargos são (em alguns casos, totalmente) exercidos por eles, o mundo fica um caos. Mas, por algum motivo, Yorick e Ampersand, o macaquinho mais querido da América, sobreviveram. Ambos cromossomo Y ah vá.
          Yorick agora sai de Nova York, se dirigindo a Washington para encontrar a mãe e tentar encontrar uma maneira de chegar até a Austrália em busca de Beth.
          É assim que acaba o primeiro número de 5 que constituem o primeiro encadernado da série. Não entrarei em mais pontos da trama, porque as reviravoltas são tantas e tão incríveis que estragaria tudo. Fiquei surpreso ao saber que tanto Brian K. Vaughan quanto Pia Guerra (os criadores da história) desenhavam e escreviam juntos. Uma coisa muito rara. Eu poderia jurar que o Brian só criava o roteiro e a Pia desenhava. Os desenhos, por sinal, são simples, mas ótimos. Conseguem passar o clima tenso da história e ter sua marca própria.


A bela capa do quinto número mensal.

  O roteiro também é afiado. Corri pelos primeiros cinco números sem nem ver o tempo passar, completamente viciado com a história, que me fisgou no primeiro número e manteve o laço preso em uma maratona de horas e horas de leitura. A história, sutil, mas mindblowing a nível estratosférico, tornou-se uma das minhas HQs favoritas de todos os tempos.
          O primeiro volume de Y: O Último Homem, lançado pela Panini, está esgotado no país inteiro e a editora não tem previsão de uma nova tiragem, mas há o volume previamente publicado pela editora Opera Graphica disponível no site da Saraiva. A edição da Opera está a um preço bem mais salgado do que a da Panini. Também encontrei um primeiro volume em inglês, a um preço razoável, na Saraiva.
         E fico muito feliz em dizer que, após quase 10 anos, a New Line, que está produzindo a adaptação para o cinema da série, encontrou o seu roteirista. Tanta demora se deve à exigência dos executivos da New Line de um roteiro aceitável e, no ano passado, parece que encontraram um de seu agrado. Começa agora a busca pelo diretor e talvez esse filme saia do papel logo.

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