"Destrua Este Diário"! E sua criatividade, vai destruir também?


Que Destrua Este Diário é um sucesso, todo mundo já sabe. O peculiar livro de Keri Smith, que já causava algum burburinho desde seu lançamento lá fora, explodiu a mente dos leitores quando foi trazido para o Brasil pela editora Intrínseca. Surgiu um mar de gente comprando vários exemplares de uma só vez, divulgando suas criações/destruições nas mais variadas redes sociais e fazendo inveja nos amiguinhos. Resumindo: virou a modinha do momento. 

Mas tudo que cai no gosto popular acaba, muitas vezes, perdendo o sentido. E, infelizmente, é o que acontece com Destrua Este Diário. O que deveria ser uma forma de estimular a criatividade, o desapego material e a prática artística tornou-se mais um meio de acabar aos poucos com a individualidade e, o que é pior, de algumas pessoas tentarem se provar mais "cult" que as outras. 

O que digo aqui pode parecer radical, mas faz todo o sentido. Basta abrir uma fan page do livro no Facebook para perceber isso. Conte quantas vezes você viu, por exemplo, a página de fazer furos com um lápis com imagens da Katniss atirando flechas. Quantas vezes alguém "personalizou" a capa ou as páginas do livro com artes reproduzindo o universo. Quantas vezes encontrou alguma instrução desagradável de se fazer com os dizeres "me obrigue". Quantas vezes você viu alguma destruição verdadeiramente criativa receber comentários assim:









Consegue perceber o que acontece? É como se o livro acabasse fazendo as pessoas ficarem com mais preguiça de pensar. Acharem que são incapazes de exercer a criatividade. Criticarem aqueles que se esforçam e cumprem a real proposta do livro. O que, é claro, não é culpa da autora, mas sim da sociedade em que vivemos, onde se destacar em algo parece ser motivo de vergonha e discriminação.

Meu intuito com esse post não foi gerar polêmica, mas, sim, reflexão. Se você já comprou seu diário ou pretende adquiri-lo em breve, pense no que ele realmente significa e, principalmente, se você está apto a fazer dele uma experiência válida para sua vida, e não apenas um desperdício de tempo e dinheiro.

Lembre-se: 
- Criar pode até ser destruir, mas copiar dos outros não destrói nada além de sua própria capacidade criativa;
- O nome do livro não é "Destrua este diário para postar no Facebook";
- No final do dia, o livro continua sendo um DIÁRIO. Ele deve refletir o modo de ser e pensar de seu dono. Não deixe que o medo de ser diferente ou do que os outros vão pensar mude isso.

6 comentários:

  1. Oi, João! Interessante seu post!
    Sabe que eu descobri ontem (é!) do que se trata esse diário? Confesso que achei um tanto sem sentido - não entendo exatamente como aquelas atividades propostas possam instigar a criatividade de alguém, mas enfim... Lendo o que você escreveu aí, fiquei pensando que talvez isso que você percebeu em relação a esse livro aconteça em várias esferas, sabe? Sempre tem (e acho que sempre vai ter) gente assim.. O bom é você se reconhecer diferente deles hehe =)

    bjs,
    Carla
    http://linhas--soltas.blogspot.com.br/

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    1. Olá, Carla!

      Entendo bem o que você diz sobre não entender o sentido do livro. Quando vi pela primeira vez eu achei a coisa mais bizarra do mundo, parecia livro pra criança. Mas depois que você analisa com cuidado, vê outras pessoas destruindo e toma consciência das dimensões que a coisa pode tomar, sério, vale muito a pena dar uma segunda chance. Principalmente se você acha que precisa desenferrujar suas habilidades artísticas, tipo eu, hahaha.

      Aliás, adorei o que você disse sobre esse fenômeno acontecer em diversas esferas. Maior verdade que li hoje.

      Obrigado pelo comentário, viu?
      Abraços!

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  2. Olá João!Eu tenho este livro e descordo totalmente de você,só quem tem o livro sabe que,não importa quantas pessoas o tenham,ele continua sendo muito individual.A proposta da autora foi boa,e assim como há quem copia,há quem realmente soube interpretá-lo.Se a pessoa pensa em copiar,é porque ela já não tem a capacidade de ser criativa,então isso não afeta em nada.Só mais uma coisa o Facebook foi feito para postar o que quiser,se a pessoa quer mostrar uma foto sua,foto de seu trabalho,foto de uma paisagem ou o gratificante momento,de terminar um livro que exigiu muito de sua criatividade e imaginação,ela pode!Assim como qualquer um pode postar fotos dos livros que está lendo.E falando por mim mesmo,minhas paginas não são cópias de nenhuma da internet,e não são melhores nem mais bonitas,mas isso não me causou nenhuma humilhação ou vergonha,muito pelo contrario,você acaba criando amor pelas coisas que faz,por mais "destruído" que esteja. Aconselho você a procurar mais sobre,procurar opiniões diferentes ou até mesmo ler o livro antes de fazer uma critica,afinal 20 reais(ou até menos agora),não será um dinheiro gasto a toa para fazer uma boa critica!

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    1. Olá, Anônimo!

      Não citei isto no post, mas: sim, eu tenho o livro. E sim, eu acho a proposta da autora genial. As instruções de destruição são ótimas e realmente instigam a criatividade. O que eu quis criticar no post é a banalização dessa proposta, sabe? As pessoas começaram a copiar a destruição dos outros para ter algo legal/bonito no diário e pararam de colocar sua identidade e autenticidade nele. E acho que vou discordar de você quando diz que se a pessoa pensa em copiar é porque ela não tem capacidade de ser criativa. Penso que todos tem essa capacidade, alguns só não se esforçam o suficiente para exercê-la. Se você - e qualquer outra pessoa que estiver lendo isso - é daqueles que realmente se esforçam para fazer algo único, PARABÉNS, porque realmente aproveitou ao menos uma das lições que o livro tem a ensinar.

      Outras coisas que eu queria comentar e vou colocar em tópicos pra não me estender muito mais:
      - eu concordo com você, ninguém deve ter vergonha de seu diário, por mais destruído que esteja. Coloquei essa observação porque vi muita gente falar mal de pessoas que jogaram no rio, botaram fogo em alguma página, etc. Uma das coisas que o livro ensina é justamente o desapego material. Por isso, repito: não deixe o medo do que os outros pensar fazer você ter receio de criar ou destruir seu livro. Me desculpe se dei a entender outra coisa.
      - é claro que o facebook foi feito pra pessoa postar o que quiser. Me lembro de ter prestado muita atenção nesse trecho ao escrever o post: o nome do livro não é "Destrua este diário PARA postar no Facebook". Percebe a palavra em destaque? Eu não estou querendo julgar ninguém que posta fotos da sua destruição, mas sim quem destrói principalmente por esse motivo. Nós dois sabemos que tem muita gente que faz isso por aí.
      - "Destrua este diário", por si só, é um livro genial. O que tá errado é o modo como algumas pessoas interpretam ele. A intenção do texto não foi fazer uma crítica, mas, como eu já disse, provocar reflexão. Pelo seu comentário, vejo que a proposta deu certo. Por mais que sua opinião seja diferente da minha em alguns pontos, o texto fez você refletir sobre o livro, e só isso já fez valer a pena tê-lo escrito.

      Acho que é isso. No mais, obrigado pelo comentário.
      Abraços!

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  3. Bom texto pra se pensar, João. Eu tinha pensado em comprar, mas fiquei pensando que eu ia acabar me frustrando certas vezes. Estou mais interessada no How To Be an Explorer of the World. Parece mais individual e interessante.

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    1. Oi, Mari!!!

      Eu não sei se iria comprar o livro também não. Só tenho porque pedi num amigo secreto e, por um milagre, ganhei. Ainda não comecei a destruir (dó do livro? falta de criatividade? preguiça? tudo junto?) e isso tá me frustrando um pouco. Espero tomar vergonha na cara logo pra começar de vez.

      Também estou super interessado em How To Be an Explorer of the World. Assim como o Destrua Este Diário desenvolve criatividade, desapego e todas essas coisas, acho que esse outro livro desenvolve nosso modo de ver as coisas simples que nos rodeiam com um novo olhar - algo que, sinceramente, estou precisando começar a fazer. Tomara que a intrínseca traga logo esse e outros livros da Keri Smith pro Brasil (com o sucesso que tá tendo, não duvido nada, hahaha).

      Obrigado pelo comentário, Mari!
      Beijos :)

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