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Especial Quadrinhos: The Walking Dead + Resenha: A Ascensão do Governador, de Robert Kirkman e Jay Bonansinga




          Os zumbis nunca estiveram tão na moda quanto hoje. Agora, mais do que nunca, os filmes de zumbis estão ganhando público maior e, assim, maiores bilheterias, o que faz com que os estúdios invistam neles cada vez mais, com maiores e maiores orçamentos. Um exemplo disso é o vindouro World War Z, com Brad Pitt, que promete ser um épico do gênero. Considerando onde tudo começou, com os filmes de George Romero – os melhores, na minha opinião –, os zumbis saíram do nicho trash e se tornaram verdadeiros blockbusters. Um exemplo de como se vê um investimento maior nesse tipo de filme está logo no trailer de World War Z: só o trailer deve ter custado mais do que A Noite dos Mortos Vivos inteiro. Romero filmou seu clássico com singelos U$ 114 mil. Já World War Z teve um orçamento mais de dez vezes maior, U$ 125 milhões, e não acaba aí: os produtores têm planos para uma trilogia.
          E é isso, os zumbis nunca renderam tanto para a indústria. Nos últimos anos, citar exemplos de um trabalho bem-sucedido com os mortos vivos se tornou impossível sem lembrar The Walking Dead. A história começou a ganhar notoriedade em seu terceiro ano de publicação, quando a primeira tiragem de seu número 33 esgotou em 24 horas. Em 2010, a série ganhou o prêmio Eisner – o Oscar dos quadrinhos – de Melhor série contínua. No mesmo ano, estrearia a série de TV que adapta os quadrinhos e que alavancou a febre zumbi dos últimos anos.
          Robert Kirkman é o verdadeiro moneymaker do momento. Tudo em que toca parece se tornar ouro. Seu império abrange jogos de videogame, série de quadrinhos, seriado de TV, livros, jogos de tabuleiro e dezenas de produtos licenciados. A forma com que o autor abordou a história no começo, quando só havia a série em quadrinhos, inovou. Em suas histórias, os zumbis não são o show, quanto menos os vilões da história. Os mortos vivos são o pano de fundo em uma peça onde os sobreviventes interpretam herói e vilão ao mesmo tempo. 
A capa do primeiro volume da série, traduzido como "Dias Passados"

          A série em quadrinhos é publicada no Brasil pela editora HQM e, até o ano passado, era publicada no formato de encadernados de seis edições cada, sob o título de Os Mortos Vivos. A partir de outubro, a editora passou também a publicar no formato de revistas mensais – e estas estão saindo com o título original, The Walking Dead. Mas os volumes compilados continuam saindo, atualmente no volume 11. A variedade de formatos torna muito fácil para os novos leitores começarem a acompanhar a série em quadrinhos. As edições mensais estão atualmente no número 8 e todas elas podem ser compradas no site da editora.
          No primeiro arco da série, nós conhecemos Rick Grimes e sua história como policial que entrou em coma após ser baleado em uma perseguição, acordando no mundo destruído pelos mortos que não ficam mortos. O primeiro arco da série tem os ótimos desenhos de Tony Moore, que tristemente foi substituído na sétima edição por Charlie Adlard. Adlard faz uso demasiado de sombras na construção dos desenhos, o que me causa certo desagrado. Os desenhos de Tony Moore, por outro lado, são os melhores. Tem traços finos, mas vívidos. Tem emoções bem destacadas, o que é importante, porque The Walking Dead é um drama, não um terror.
          A história todos conhecem. Rick acorda do coma e parte em busca da mulher e dos filhos, passando por todas as suas desventuras. Com os outros sobreviventes, viverá sempre correndo, sempre com as armas prontas, buscando a sobrevivência e não podendo confiar nem nos outros sobreviventes. 
          Quem começar a ler The Walking Dead após ter assistido à série logo notará algumas divergências na história, como sempre acontece em adaptações. Algumas mortes de personagens que acontecem logo no primeiro arco foram adiadas na série de TV – e alguns personagens nem existem ali. Desnecessário descartar personagens que têm quase vida própria nos quadrinhos e criar mais personagens, por melhores que sejam, para a série. Um exemplo são os irmãos Merle e Daryl, que são amados pela audiência, mas que não existem nos quadrinhos. A série também dá pouco pano para sensacionais personagens como Michonne, fortíssima nos quadrinhos, mas muito mal representada na série. Não me demorarei citando os problemas da série de TV, porque este é um assunto muito enfadonho, que se torna muito repetitivo. Toda vez que um livro é adaptado, nós vemos o mesmo mimimi: o livro é melhor que o filme. The Walking Dead não é uma exceção a esta máxima.
          Robert Kirkman dosa o drama e a ação em todas as edições. O arco termina com estilo, um final incrível, que realmente encerra o arco como uma fase da história dos sobreviventes – leva o nome de Dias passados.

Encontre: Números mensais Site da editora | Comix Book Shop  Encadernados Saraiva | Comix Book Shop | Skoob

A capa do primeiro livro da trilogia que contará a história do Governador.
          Como a semana é especial zumbis e o post é especial The Walking Dead, temos uma resenha dupla de trabalhos de Robert Kirkman. Primeiro, vimos uma resenha do primeiro volume da série em quadrinhos e, agora, vamos falar sobre o primeiro romance ambientado no universo da série. A ascensão do Governador foi escrito por Kirkman em parceria com o premiado romancista de terror Jay Bonansinga. Como era de se esperar, o livro foi um best seller quase instantâneo.
          Minha experiência com o livro foi muito curta. Li o volume, de quase 400 páginas, em algumas horas. Kirkman e Bonansinga fizeram uma parceria incrível em termos de narrativa e trama. A prosa do livro não é demasiado detalhista, mas também não é superficial demais. A história tem os mesmos padrões da série em quadrinhos: os zumbis são apenas o background e os sobreviventes são o verdadeiro foco. 
          O nome do livro invoca um personagem conhecido dos quadrinhos e que ficou conhecido pelos fãs da série de TV na terceira temporada. O Governador é um dos maiores vilões de quadrinhos e é um bosta no seriado já foi até listado como o “vilão do ano” de 2012. Nos quadrinhos e na série de TV, nós conhecemos o Governador como o homem por trás de Woodbury, uma cidadezinha que está se mantendo nos eixos de forma ligeiramente socialista. Nós conhecemos seu nome, Phillip Blake, mas sabemos muito pouco de sua história. No livro, descobrimos como ele chegou aonde chegou e qual é a origem de suas atitudes. 
          A trama do livro segue o grupo de sobreviventes formado por Phillip, sua filha Penny, seu irmão Brian e seus amigos Nick e Bobby. O livro é realmente sensacional para quem acompanhou as HQs, porque, além de falar mais sobre o nosso vilão favorito, ele também fala, mesmo que rapidamente, do começo da epidemia da doença dos zumbis e de como todo o apocalipse começou e acabou com tudo em uma velocidade absurda. 
          O livro também se torna um dos mais tristes que você jamais lerá se você o fizer depois de ter lido os quadrinhos ou visto a terceira temporada da série, porque você vai lendo, vai lendo e você sabe o que vai acontecer – e se pega desejando para que não aconteça, roendo as unhas de curiosidade. É claro que eu não vou contar o que é, mesmo não considerando spoiler se visto de algumas formas. 
          Ótimas sequências de ação, um pouco mais sobre a Atlanta devastada pelos mortos, reviravoltas mil e as bizarrices de Phillip tornam o livro uma experiência incrível. Kirkman realmente conhece as pessoas e a forma como as pessoas agem. Ele ou Bonansinga, quem deles tiver criado as cenas de ação, é um gênio. Uma certa cena com motocicletas é maravilhosa.
          O que mais acrescentar senão mimimi? Se você gosta do seriado, leia os quadrinhos. Se você gosta dos quadrinhos, leia o livro e, vamos lá, dê uma chance à série. A ascensão do Governador tem um final com cliffhanger que vai te deixar louco, porque eu fiquei. O que foi feito aqui é mítico e dá início a uma trilogia que vai contar a história do Governador desde sua Ascensão até os seus momentos na série em quadrinhos. O segundo volume, Caminho para Woodbury, já foi lançado no Brasil e tem uma premissa ainda mais enervante para quem já está avançado acompanhando os quadrinhos. 

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Especial Quadrinhos: Batman e Os Novos 52

Pensem em um cara esquisito. Sempre existe um. Na sua sala do colégio ou da faculdade. Um cara meio estranho, que não conversa muito. Talvez ele seja o estereótipo do nerd. Ele lê quadrinhos e gosta de coisas que a maioria das pessoas dispensa. Eu acho que me encaixo nesta descrição.
Desde pequeno, acompanho quadrinhos e, ultimamente, com a enxurrada de filmes de super-heróis e a popularização da cultura nerd, tenho visto muita gente querendo começar a acompanhar quadrinhos, vendo que não é uma mídia “para crianças”. O grande problema, citado pela a maioria das pessoas, é a continuidade. Então estou começando aqui uma série de posts pra ajudar a galera que não acompanha, mas quer se situar nos quadrinhos.
Durante muitos anos, os quadrinhos tem tido o hábito não muito legal de viver interligando histórias, arcos e fases de escritores, onde vivem fazendo referências a coisas que aconteceram anos antes. Por exemplo, se você assistiu ao filme do Homem Aranha, curtiu e decidiu começar a acompanhar as HQs para ver se o Peter a Mary Jane ficam juntos, ficará assustado quando vir que Peter e Mary já se casaram, tiveram filhos, se separaram, morreram, ressuscitaram diversas vezes.
Mas aí a cultura nerd invadiu o cinema no fim dos anos 90 e no começo da década passada. Tivemos Batman de Tim Burton, com as fantasias muito fiéis às dos personagens clássicos, tivemos também os X-Men, com um primeiro filme ótimo e sequências deploráveis. Tivemos Blade, Quarteto Fatástico, Demolidor, Elektra, Homem Aranha, Mulher Gato e muitos outros divisores de opinião. E então veio o início da aclamada trilogia Cavaleiro das Trevas, que começou essa nova era.
Quando a Marvel Studios surgiu, dominando bilheterias com seus filmes preparatórios para Os Vingadores (2012), a DC estava muito satisfeita com sua parceria com a Warner e o lendário trabalho de Christopher Nolan com Batman. Ambas as produtoras começaram a se tocar que uma nova geração estava se interessando pelos super heróis e que uma avalanche de jovens ia logo começar a migrar para os quadrinhos. E começaram os reboots.
Reboots são um pouco comuns nos quadrinhos. Normalmente, é zerar o número de uma revista e começar tudo de novo, uma nova origem, novas histórias, novas visões acerca do personagem, ignorando TUDO o que aconteceu antes. Isso é sempre muito bom para novos leitores e é pensando neles que as editoras fazem essas maluquices.
Então aconteceu que, em setembro de 2011, a DC encerrou TODAS as revistas mensais, terminando com o arco Ponto de Ignição, da revista do Flash. Em seguida, foi divulgada a estratégia da nova fase. O nome do reboot: Os Novos 52. Os Novos 52 foram 52 títulos mensais que foram rebootados e relançados pela DC. Entre eles, tivemos grandes caras como Batman, Superman, Flash, Aquaman e toda a trupe do colante colorido.
Os quadrinhos da DC, assim como os da Marvel, saem no Brasil pelas mãos da Panini e Os Novos 52 chegaram ao Brasil só em maio de 2012 – quase um ano de atraso com relação ao lançamento americano. A Panini tem o hábito de lançar mais de uma HQ em uma única revista – lá fora saem 52 revistas de 32 páginas cada –, por exemplo, na revista mensal Batman saem as aventuras das 3(!) revistas solo do herói, que são Batman, The Dark Knight, e Detective Comics.
          Em maio do ano passado, eu já estava há um bom tempo sem acompanhar quadrinhos mensais – parei quando a Panini terminou de publicar o arco O Cerco – e é claro que resolvi retomar o bom e velho hábito. E, levando em consideração o meu bolso e a distribuição das revistas aqui no bairro, comecei a acompanhar as duas revistas do Batman: Batman e A Sombra do Batman.
Como já citado, em Batman temos as aventuras solo do morcegão e, em A Sombra do Batman, a Panini publica as HQs Batman & Robin, Asa Noturna, Batwoman, Batgirl, Mulher-Gato, Batwing e Capuz Vermelho & Os Foragidos. Como A Sombra tem um número grande de histórias por edição, vou abordar seus primeiros meses em outro post, focando só na Batman nesse aqui.

Os coleguinhas do homem morcego, que tem suas histórias solo em A Sombra do Batman.

A revista solo do Batman chegou com tudo. A edição de lançamento esgotou e teve uma segunda tiragem com capa variante e tudo. A ordem das histórias dispostas na revista é Batman, Detective Comics e The Dark Knight, e a revista começa com estilo. Batman, nas mãos do roteirista Scott Snyder e do desenhista Greg Capullo, começa sem alterar o passado do herói e já vai direto ao ponto, começando uma história misteriosa. É interessante que os três Robins estão presentes nessa primeira história e fica claro quem é cada um, orientando – ou confundindo - o novo leitor definitivamente. Não há dúvidas de que é a melhor história da revista e ainda é até hoje, com a décima segunda edição com os dias contados para sair no Brasil.
Em seguida, temos Detective Comics, com arte e roteiro de Tony Salvador Daniel. Essa é um pouco fraca e aqui o Batman está sendo caçado pela polícia, pois acabou a parceria entre os dois. A última história da revista, The Dark Knight, é a mais fraca. Roteiro confuso demais, mas ilustrações de David Finch – que eu admiro.
No decorrer dos meses, um padrão desigual foi se estabelecendo na revista mensal Batman. Scott Snyder e Greg Capullo permaneceram à frente da revista que leva o nome do herói. As equipes de TDK e Detective Comics mudaram no decorrer dos meses, mas ainda assim as duas publicações continuaram sem muita força. A DC soube ver isso lá fora e usou muitas estratégias para trazer mais leitores para as duas revistas. Lembrando que lá as três são publicadas avulsas, ou seja, se você quiser comprar só a do Scott Snyder, você pode.
Houve crossover de personagens de outras revistas em The Dark Knight, houve vilões clássicos e mortes estranhas em Detective Comics, mas a estratégia definitiva de venda e interesse da DC para essas duas foi por volta da oitava edição, quando Batman de Snyder estava em um ritmo fantástico e começou um evento chamado “Noite das Corujas”. Logo as outras revistas solo, além das revistas que saem em A Sombra do Batman, entraram na dança: todas estavam tendo histórias relacionadas com o arco de Snyder.
Hoje eu acompanho Batman só pela história de Scott Snyder, lendo as outras duas com um pouco de preguiça. Mas não desanimem, ainda dá tempo de começar a acompanhar as revistas do Morcego, e vale a pena fazê-lo – pelo menos agora, com A Noite das Corujas finalizada na edição de março, uma nova história deve começar. Tenho sérias preocupações com A Sombra do Batman, mas isso é assunto para o próximo post da série.
          Se você se interessou e quer começar a ler as revistas do Batman, deve fazê-lo imediatamente. Comece comprando as revistas mensais que saem agora, depois procure pesquisar na internet as coisas que perdeu, suas dúvidas e curiosidades. Procure ler as histórias mais famosas e marcantes do personagem, tem muita coisa de graça pra download na internet. Indico os arcos: O Longo Dia das Bruxas, Batman: Ano Um, e Batman O Cavaleiro das Trevas. Indico também A Piada Mortal. Esta última não é um arco completo, mas um clássico do personagem, escrita pelo grande mago das histórias – Alan Moore.
Nota d’A Editora: Aproveitando que o assunto são super-heróis, queria fazer uma observação. Imagino que todos tenham notado a quantidade de atores britânicos que têm interpretado personagens tipicamente americanos ultimamente. Para citar alguns superpoderosos, temos o novo Homem Aranha (Andrew Garfield, nascido nos Estados Unidos e criado no Reino Unido), a Fera em X-Men: Primeira Classe (Nicholas Hoult), o Batman de Nolan (Christian Bale, nascido no País de Gales) e, em breve, até o Superman (Henry Cavill será Clark Kent no filme Man of Steel). Mas é claro que os heróis dos quadrinhos não são os únicos, pois certos súditos de Sua Majestade também têm feito zumbis americanos (o zumbi R, de Meu Namorado É Um Zumbi, também interpretado por Nicholas Hoult), médicos americanos (Hugh Laurie na série House), vampiros americanos (o vampiro Edward de Crepúsculo, por exemplo, vivido pelo ator Robert Pattinson – que, por acaso, tem feito muitos papeis americanos nos mais diversos filmes) e – pasmem – presidentes americanos (Daniel Day-Lewis, em Lincoln de Spielberg)! Os EUA podem até ter exportado um Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.), mas não seria de se espantar que em breve importassem um Capitão América (atualmente o americano Chris Evans). Obviamente, não estou dizendo que deveria ser de qualquer outra forma, mas uma coisa é fato: me surpreende muito a incrível capacidade que atores têm de se transformar tão facilmente em pessoas de outra nacionalidade ao atuar. Se não me engano, a prática de escalar atores com nacionalidades diferentes da do personagem que interpretam tem se intensificado nos últimos anos e, como cinéfila que sou, devo dizer que acho maravilhoso que as fronteiras e oceanos entre países sejam cada vez menos uma limitação, pelo menos quando o assunto é cinema (ou televisão). Viva a telona (e a telinha)!