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Half Bad, de Sally Green


Sally Green
Editora Intrínseca
304 páginas
1ª edição

Sinopse:
Nathan, filho de uma bruxa da Luz com o mais poderoso e cruel bruxo das Sombras. O adolescente vive com a avó e os meios-irmãos e é visto como uma aberração por seus pares. O Conselho dos Bruxos da Luz vê nele uma ameaça, que precisa ser domada ou exterminada. Prestes a completar dezessete anos – época em que todos os bruxos passam por uma cerimônia em que seu dom é finalmente revelado bem, como sua denominação como bruxo da Luz ou das Sombras –, agora Nathan terá que correr contra o tempo para achar o pai, que jamais teve oportunidade de conhecer, e salvar a própria pele.

Quase todo mundo já está farto de livros YA protagonizados por bruxos e afins. O gênero está saturado de histórias desse tipo, com protagonistas rasos e ruins e tramas que são mais do mesmo e não falam de nada novo. No meio disso tudo, Half Bad, um lançamento ainda fresco nas prateleiras, é um verdadeiro achado e uma história com potencial, mas que, até o momento, tem feito menos barulho no Brasil do que merecia.

Assim como uma certa escritora britânica que todos conhecem, Sally Green resolveu contar uma história sobre bruxos, e criou seu próprio universo para isso. Durante a leitura, é impossível não lembrar em algum momento de Harry Potter, embora as semelhanças entre as duas obras não vão muito além do tema. O universo que Green criou, apesar de simples e despretensioso, é extremamente original, funcionando de uma maneira surpreendente. 

Os bruxos de Sally são divididos em duas raças (chamemos assim, embora essa palavra nunca tenha sido usada no livro): Bruxos da Luz e Bruxos das Sombras. Bruxos da luz são maioria e não se misturam em momento algum com Bruxos das Sombras, que são os renegados que se recusam a viver misturados com os félixes (não-bruxos), como fazem os seus opostos.

O protagonista, Nathan, é um menino que desde pequeno foi uma exceção. Seu pai, Marcus, é um poderoso e violento bruxo das trevas caçado abertamente pelo Conselho dos Bruxos da Luz. Sua mãe é uma bruxa da Luz que teve o marido assassinado por Marcus. As circunstâncias da concepção de Nathan são um mistério. O menino é criado pela avó materna e pelos meio-irmãos. Nunca conheceu o pai, que vive foragido e nunca tentou contato, nem a mãe, que está morta. Nathan é o único bruxo meio-código: Meio-Luz e Meio-Sombra. Todos os anos ele precisa ser levado ao Conselho, onde é submetido a testes para que possa ser designado seu código definitivo e para que ele possa ser rotulado, enfim, como bruxo da luz ou das sombras.

Sally Green usa a história para falar de temas fortes, como racismo, preconceito e os motivos que levam uma pessoa a ser “má” ou “boa”. Nathan, desde muito pequeno, já é discriminado, agredido e ameaçado pela própria irmã por ser diferente, mestiço. O bullying que Nathan sofre na escola rende cenas pesadas e violentas, que servem bastante como reflexão sobre a forma como os adolescentes lidam com a diversidade. Em um livro razoavelmente curto, a autora explora isso tudo sem pesar na história, que não deixa de ser um romance ágil e empolgante de aventura.

O Conselho está constantemente avaliando e rastreando Nathan, pois acham que ele é sua maior chance de chegar a Marcus. Conforme ele cresce, o desejo do menino de conhecer o pai só aumenta, assim como seu ódio pelo Conselho por todo o sofrimento que lhe causa. Isso o faz, em alguns momentos, se perguntar se ele é mais parecido com o pai do que pensava. Se sua metade má não prevalece sobre a boa. 

A história é cheia de cenas de ação fantásticas, principalmente aquelas em que os poderes dos bruxos acabam figurando. Eles se assemelham mais a habilidades como as dos mutantes de X-Men do que com poderes como os dos bruxos de Harry Potter. 

Ao completar dezessete anos, todo bruxo deve receber três presentes e beber o sangue de um bruxo mais velho de sua família. Esse ritual de iniciação é essencial, pois é depois dele que se manifesta e se desenvolve o dom de cada um. Os dons podem ser bem variados, indo desde o preparo de poções, que é o mais comum, até soltar fogo pela boca e pelas mãos, se transformar em animais, ler mentes e desacelerar o tempo. Geralmente, os dons são os únicos poderes que os bruxos têm. A originalidade da autora ao discorrer sobre as tradições dos bruxos e as características que os diferem dos félixes é impressionante em sua simplicidade.

Em uma trama ágil, cheia de cenas de ação e sequências quase cinematográficas, Half Bad é uma pequena pérola entre os outros livros do gênero. Sally Green estreia com louvores com este livro, que me surpreendeu pela maturidade e pelo tom sombrio da história. Definitivamente, um livro que merece cada segundo investido, e que deixa um desejo imenso de saber mais desse universo e do restante da história de Nathan. Uma surpresa e tanto e, definitivamente, um dos melhores YAs que já  li.


Mathilda Savitch, de Victor Lodato





Victor Lodato
Editora Intrínseca
312 páginas
ISBN 9788580571639
1ª edição - 2012
Sinopse
Mathilda Savitch tem conflitos que extrapolam as dores comuns da adolescência: sua irmã mais velha é brutalmente assassinada, jogada na frente de um trem por um desconhecido. Com a angústia de uma nação em guerra contra o terrorismo e os pais enlutados pela tragédia familiar, Mathilda decide usar a maldade para provocar alguma reação neles, que estão completamente catatônicos. Eleito o melhor livro de 2009 pelo The Christian Science Monitor, pela Booklist e pelo The Globe and Mail, o romance de estreia do poeta e dramaturgo Victor Lodato retrata, de maneira impressionante, a vulnerabilidade e a aparente ousadia adolescente.


Um dos maiores prazeres que existem na vida de um leitor é comprar e ler um livro às cegas, sem saber absolutamente nada sobre ele, e ter uma boa surpresa. Esbarrei em Mathilda Savitch numa estante de livros em promoção, um bota-fora de coisas que estavam paradas nas prateleiras há tempos numa livraria de shopping. Foi o livro que mais me chamou a atenção, por mais que eu não tenha sequer parado para ler a sinopse. Como já sabia que levaria algo devido a minha incapacidade de ignorar livros a menos de dez reais, a capa e o título bastaram para que eu o escolhesse.

Ao contrário do esperado, uma vez que imaginei se tratar de um drama, o livro é narrado por uma criança, a que dá nome à história. Mathilda é uma menina ainda a caminho de entrar na puberdade, muito inteligente e curiosa para a sua idade. Às vezes ela nos faz rir, um tanto envergonhados, porque fala despudoradamente sobre suas impressões sobre os adultos. Durante a história, o autor estreante retratou com muito cuidado, mas com uma honestidade que chega a causar um pouquinho de vergonha, o despertar da sexualidade da criança que se torna adolescente.
Mas a história não é sobre o amadurecer de Mathilda, embora a personagem cresça e evolua ao longo da trama. Há alguns meses, a menina perdeu a irmã, Helene, em um acidente terrível. Os pais de Mathilda lidam com isso evitando conversar sobre ela, mantendo seu quarto impecável e como a adolescente gostava, mas Mathilda se sente profundamente incomodada com o silêncio dos pais sobre o que houve. A menina está o tempo inteiro preocupada que, após quase um ano da morte de Helene, ainda haja mistérios a respeito das circunstâncias em que ela morreu. Mais explicitamente, não se sabe quem matou a adolescente. E Mathilda resolve, por conta própria, iniciar uma investigação em busca da identidade do assassino de sua irmã.
Embora Victor Lodato, que é dramaturgo e poeta, tenha estreado com este romance, desenvolveu uma história sutil, capaz de nos transportar de volta àqueles momentos de descobertas e de chutar as quinas dos móveis da casa. Mathilda é dona de uma acidez que o tempo todo nos faz rir de coisas que não têm graça alguma. Em sua decisão de ser uma menina má, ela tira os pais de seu sossego e torpor, do silêncio que foi a forma de lidarem com a perda da filha. Ao longo de uma narrativa gostosa, começamos a notar cada vez mais a profundidade da história, que aos poucos vai ficando mais preocupante e comovente.

Mathilda Savitch é um livro curto, contado por uma protagonista inteligente, de um humor sarcástico e crítico; uma menina, acima de tudo, curiosa. Curiosa pelo que houve com a irmã e com o que ela fazia em sua maioridade. Enquanto a personagem nos guia ao ir desvelando o mistério da morte de Helene, vai também nos angustiando o tempo todo com o seu crescer. Um livro curto que é como sua jovem protagonista: maior por dentro.



Pequena Abelha, de Chris Cleave





Chris Cleave
Editora Intrínseca
272 páginas
ISBN: 9788598078939
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa… Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola.

Perturbadora. Se fosse preciso descrever essa obra com apenas uma palavra, seria esta. Pequena Abelha é um livro que permanece para sempre na memória de quem lê e que é impossível passar despercebido. Com isso, quero dizer que não é um livro para passar o tempo, mas sim um que vai fazer você refletir por muitos dias após a leitura e querer recomendá-lo a cada amigo seu, porque definitivamente todos precisam conhecer essa história.

Se seu rosto está inchado pelas duras pancadas da vida, sorria e finja ser um homem gordo.
Provérbio nigeriano (pág. 7)

Logo na primeira página é apresentado esse provérbio, que implicitamente é a principal filosofia de uma das protagonistas, Abelhinha. Ela é uma menina de 16 anos cuja aldeia na Nigéria foi invadida por europeus para a extração de petróleo. Com isso, ela foi testemunha ocular de muitas mortes, inclusive da de sua família, tanto com propósito de exploração dos recursos naturais do local quanto devido a doenças infecciosas trazidas pelos soldados europeus.

Abelinha foi mantida em um centro de detenção de imigrantes no Reino Unido durante dois anos, como uma forma de asilo político. Nesse centro, dizia-se que, para sobreviver, era preciso ter boa aparência ou saber falar direito. Ela decidiu que falar direito seria a opção mais segura. Portanto, quando é libertada do lugar por um acaso bem oportuno, começamos a conhecer melhor nossa protagonista. Suas falas, quase sempre se lembrando das meninas de sua aldeia, são repletas de nostalgia e seguidas por uma pontada de dor.

Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: ‘Eu sobrevivi.’
(pág. 17)

É a partir desse pensamento de Abelhinha que podemos introduzir a outra protagonista, Sarah. Como nos é apresentado na sinopse, Pequena Abelha é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. De fato, esse dia é o ápice da obra, no qual uma delas precisou tomar uma decisão terrível. Esse é um dos motivos que levam o livro a ser inesquecível. Talvez pareça confuso, mas realmente dar mais informações do que isso sobre a conexão das duas protagonistas poderia estragar a experiência do leitor. O encanto está, sobretudo, na maneira como a história é contada.

A narrativa é feita em capítulos alternados entre as protagonistas Abelhinha e Sarah, todos em primeira pessoa. Dessa forma, é apresentada a história das duas, do passado para o presente, até que em um momento do livro essas histórias se encontram. São personagens antagônicas, Abelhinha não possui nada, nem família ou mesmo documentos, sabe apenas o próprio nome; e Sarah possui tudo, um ótimo emprego como editora de sua própria revista, dinheiro, um marido e um filho.

A reflexão que esse contraste entre as personagens traz é: quanto damos da nossa vida confortável para as pessoas que não têm o mesmo que nós? É, sobretudo, uma história sobre compaixão, contada com maestria por Chris Cleave, cuja narrativa comovente transborda uma sensibilidade ímpar.

Ao final, é impossível não se sentir incomodado com a realidade de muitas pessoas que ainda são vítimas daquilo que marcou a vida de Abelhinha e ainda estão sofrendo, perdendo seus familiares e morrendo, apenas por conta da ambição do homem.

Esse é o problema da felicidade – ela é toda construída em cima de alguma coisa que os homens querem. 
(pág. 85)

Termine Este Livro, de Keri Smith

Keri Smith
9788580575729
Editora Intrínseca
1ª edição - 2014
208 páginas

Sinopse:
Keri Smith, autora de Destrua este diário, estava passeando por um parque quando encontrou um livro de conteúdo profundamente misterioso. As páginas, soltas e embaralhadas pelo vento, pareciam incompletas, e a capa, quase ilegível, exibia as palavras “Manual de instruções”. Diante desse material curioso, ela decidiu transferir para outra pessoa o desafio de decifrar o que há por trás dessa história estranha. E é você, leitor, quem tem a missão de completar o conteúdo da obra desconhecida. Mas não se preocupe: Smith jamais o deixaria desamparado. Antes de revelar os segredos desse estranho manual, você precisa passar por um treinamento intensivo nas artes da espionagem e da investigação. Aprenda a decodificar mensagens criptografadas, reconhecer padrões ocultos no ambiente e usar a criatividade para dar a objetos comuns utilidades extraordinárias. Mais que um meio de estimular a imaginação, “Termine Este Livro” é uma reflexão delicada sobre a interação entre o leitor e a obra e como os livros se entrelaçam com nossas vidas.

Hello, sweeties

Hoje venho contar a vocês da minha experiência um tanto inusitada com “Termine Este Livro”, da Keri Smith. Chega mais.

Conheci a obra pelo facebook da editora aonde li a sinopse e super me interessei. Após namorá-lo pela Saraiva do shopping próximo à minha casa e algumas conversas entre os Ourives, pedi ele à Intrínseca.

Quando li a sinopse e levei em consideração o título do livro, “Termine Este Livro”, imaginei que a autora começaria algum tipo de enredo e caberia ao leitor terminá-lo. Que ela daria algumas dicas, sugestões, opiniões sobre métodos de escrita, fontes de inspiração, etc. Que falaria do horrendo bloqueio criativo, que é um mal que assola, se não todos, muitos escritores. Mas, pela realidade do livro, suponho que “Complete Este Livro”, cairia como um título bem melhor.

Curioso que, diferente do habitual, não li nenhuma resenha sobre ele (nota mental: nunca mais fazer isso) ou o folheei na Saraiva, mas fazer o quê, né? Pois bem, comecei-o. Nome, cidade, país, fazer um desenho inusitado, desenhar uma placa de não perturbe e, daí pra frente, percebi que ele é na verdade uma sucessão de exercícios que, creio eu, sejam para estimular a criatividade ou algo assim.

Quando ele pediu que eu saísse pela rua olhando pelo chão para reparar em coisas que eu nunca tinha prestado atenção antes, eu fiquei tipo “wtf?”. E também havia muitas coisas para estimular o instinto investigativo que eu definitivamente não tenho. Então passei a fazer adaptações usando a imaginação e escrever pelo livro opiniões sobre o que ele pedia. Ele pede muito desenho, boa vontade (até de mais) e paciência. O que, depois de estar tempos com ele em mãos sem ter nenhum resultado satisfatório, já não existia mais.

Quando cheguei à quarta e última parte do livro, folheei e vi que ele manteria o mesmo modus operandi das partes anteriores, desisti. Sendo que essa quarta parte é mais ou menos metade do livro :/ E eu detesto não terminar um livro, acreditem.

Criei muitas expectativas, que infelizmente não foram atendidas. Minha decepção com esse livro rivaliza com a do "A Casa das Orquídeas", da Lucinda Riley. Eu os considero como livros de impulso/embalo. Você começa com todo o gás do mundo e, conforme o tempo passa, desanima.

Mas, como costumo ser otimista, vou lhes dar uma sugestão/dica: não façam o livro sozinhos, Chamem um grupo de amigos pra fazê-lo com vocês (o que pretendo fazer num futuro distante). Assim, a atividade (?) vai ser bem mais divertida e dinâmica, com várias idéias e mentes diferentes opinando e trabalhando juntas. Ah, e sem pressa, por favor. Competir com o relógio é péssimo para a criatividade.

E aí, o que acham? Vai valer a pena terminar este livro? Conta pra gente!
Xoxo

P.S.: Agradecimentos aos meus amigos Giovana Santoro, Gabriel de Paulo e Lucas Alves, que me ajudaram, e à Editora.


Saldo de Natal: O Presente do Meu Grande Amor

Fim de ano é sempre aquele drama: a família se reúne, as férias chegam, o sol vem visitar você e resolve ficar até março e oito banhos gelados por dia não parecem ser o suficiente. No entanto, a Editora Intrínseca preparou uma surpresa interessante para os parceiros: nos enviou, além de um kit lindo que mostraremos no post de retrospectiva, um exemplar do lançamento O Presente do Meu Grande Amor!! Acontece que eu fiquei deitado nesses últimos tempos aproveitando o tempo livre pra apreciar os contos, então vim trazer uma última recomendação literária em 2014. ;)


Antologia

Organização: Stephanie Perkins
Editora Intrínseca
ISBN: 9788580576252
1ª edição - 2014
352 páginas

Sinopse:
Se você gosta do clima de fim de ano e tudo o que ele envolve, presentes, árvores enfeitadas, luzes pisca-pisca, beijo à meia-noite, vai se apaixonar pelo livro. Nestas doze histórias escritas por alguns dos mais populares autores da atualidade, há um pouco de tudo, não importa se você comemora o Natal, o Ano Novo, o Chanucá ou o solstício de inverno. Casais de formam, famílias se reencontram, seres mágicos surgem e desejos impossíveis se realizam. O pessimismo não tem lugar neste livro, afinal, o Natal é época de esperança. 

O Presente do Meu Grande Amor é um livro de contos, organizado pela Stephanie Perkins - Anna e o Beijo Francês - com contos de autores como Holly Black (Boneca de Ossos), David Levithan (Todo Dia), Gayle Forman (Se Eu Ficar), Rainbow Rowell (Eleanor & Park) e outros escritores de YAs, principalmente.

Acontece que cada conto é MUITO representativo do estilo de cada autor. Eu conseguia perceber todos os traços, principalmente da Gayle e do David, de quem conheço mais obras. Os temas, embora sempre natalinos, abrangem romance e aventuras das mais inesperadas, e curti demais cada conto, sem exceção - embora com preferências.

  Destaque para a arte da capa: os doze casais dos doze contos patinando no gelo! ♥ O melhor é finalizar os contos e vir identificar cada um deles na imagem. ;)


Como falar de um livro de contos é complicado porque a cada conto é um novo tema a ser explorado, vou falar em especial dos que mais gostei:

O Que Diabo Você Fez, Sophie Roth? é o conto da Gayle Forman, e conta a história de Sophie, que, em muitos momentos, se envolveu em situações constrangedoras na “Universidade de Fimdemundo”, nome que dá à instituição interiorana onde estuda. Sophie é judia e não comemora o Natal, mas acaba por ir assistir à apresentação de um coral. Ela odeia. Logo depois conhece Russel, um cara que também não curtiu muito a música e a leva para lanchar fora da universidade. Em seguida, vem toda a coisa do desenvolvimento que não vou dizer porque, né, é super curto e estragaria a melhor parte.

Papai Noel por um dia é a contribuição cômica e romântica do David Levithan para a antologia. David é conhecido por abordar a homossexualidade nas suas obras e não é diferente com esse conto. A narrativa em primeira pessoa conta a história de um moço que aceita se vestir de Papai Noel para atuar frente à irmã mais nova do namorado, que está prestes a deixar de acreditar no mito, o que Connor, seu irmão, não quer que aconteça. David conseguiu alternar entre drama e comédia de forma a deixar o conto muito, muito divertido. A comédia é daquele tipo “situações inesperadas e totalmente esquisitas” que ele sempre consegue fazer muito bem. Como não poderia ser diferente, a mistura funcionou mais uma vez.

Pra terminar, vou falar sobre o conto que inicia o livro, o Meias-Noites, da Rainbow Rowell. Meias-Noites conta a história de Mags – Margaret – e Noel. A notoriedade do conto é o fato de que só lemos sobre os dois nas vésperas de Natal. Rainbow dividiu o conto em vários flashbacks, e todas as cenas acontecem na festa de Natal que uma amiga em comum dá na véspera natalina. Então lemos, durante esses flashbacks, o que resumidamente aconteceu durante o ano, ou desde a última vez que Mags e Noel se viram. O conto de Rainbow me agradou bastante ao explorar a amizade e o romance proveniente dessa relação. Com algumas passagens bem rápidas por cenas de humor, Meias-Noites é uma das melhores criações da antologia.

Sei que, bom, o Natal já passou. Mas continua a indicação de um livro que vale a pena ser lido em qualquer época do ano, contando que você queira dar uma fugida pro Natal – ou Hanukkah! - e conhecer todas as confusões que os autores reservaram pra cada leitor!


Precisamos falar sobre o Kevin, de Lionel Shriver

Lionel Shriver
Editora Intrínseca
ISBN: 978-85-98078-26-7
464 páginas
Encontre na Saraiva (Edição Movie Tie-In).

Sinopse:
Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos – o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio do subúrbio de Nova York –, Lionel Shriver não apresenta apenas mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos: arquiteta um romance epistolar em que Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao marido ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma reflexão sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro. Precisamos falar sobre o Kevin discute casamento e carreira; maternidade e família; sinceridade e alienação. Denuncia o que há de errado com culturas e sociedades contemporâneas que produzem assassinos mirins em série e pitboys. Um thriller psicanalítico no qual não se indaga quem matou, mas o que morreu.
Enquanto tenta encontrar respostas para o tradicional onde foi que eu errei? a narradora desnuda, assombrada, uma outra interdição atávica: é possível odiarmos nossos filhos?

Uma das melhores coisas de ser leitor é começar a ler um livro com pouco ou nenhum conhecimento sobre ele e ser surpreendido durante a leitura. Precisamos falar sobre o Kevin foi uma surpresa assim. É necessário dizer, porém, que não foi uma leitura rápida, e em muitas vezes também não foi muito confortável. Nunca tive tanta dificuldade em escrever uma resenha sobre um livro de que gostei tanto.

Ao começar a leitura, eu não tinha noção nenhuma do que a história iria abordar além da história pueril de um filho problemático que consegui imaginar a partir do título. Também não havia assistido ao filme, e isso tudo foi muito bom e contribuiu para a grande surpresa que o livro acabou sendo. A história e sua abordagem foram se revelando aos poucos muito mais maduras, profundas e detalhadas do que eu poderia imaginar. Durante toda a leitura, em momento nenhum era possível relaxar. Eu já li muitos livros diferentes do meu gosto usual, mas este foi o primeiro que realmente me fez sentir arrastado para fora da minha zona de conforto.

Lionel Shriver conta a história como um romance epistolar, narrado por Eva Katchadourian em cartas que escreve a seu marido, Franklin. Durante a primeira centena e meia de páginas nós conhecemos Eva, que é uma personagem não muito carismática. Eva é arrogante e orgulhosa, uma mulher sofisticada e altiva que é um verdadeiro nojo. Por isso, esse primeiro período do livro parece ser um tanto mais arrastado, tamanho é o desagrado que é conhecer melhor a protagonista. É impressionante como isso não prejudica de forma alguma o desenrolar da história. Ao invés de me sentir inclinado a desistir do livro por conta de uma personagem assim tão miserável, senti que Lionel Shriver havia colocado um diabo sentado em meu ombro para me arrancar o sossego e me desafiar a terminar a leitura.

Eva é uma mulher muito inteligente, sincera e crítica, então, nas divagações que faz em suas cartas, ela muitas vezes enfia o garfo em muitas feridas abertas de todas as pessoas. Suas cartas estão cheias de frases de embrulhar o estômago, algumas verdades impiedosas sobre as pessoas, a vida, o amor, o sexo, a família, casamento. Durante o livro, Eva tem bastante tempo para espetar quase todos os assuntos em sua língua pontuda.  Há um interlúdio, uma passagem um pouco menor logo após a primeira, em que Eva fala sobre os primeiros anos de seu casamento com Franklin. Esse período do livro destruiu qualquer vestígio da ideia de felicidade conjugal padrão comercial de margarina que ainda havia em minha mente. É então que vem o “segundo ato” da história, quando nasce o menino sobre o qual precisamos falar.

Contar qualquer detalhe sobre a relação da mãe com o filho será um grande spoiler. Eva, desde o começo, demonstra despreparo para educar o filho. Ao contrário dela, Franklin mostra ter nascido para isso, tornando-se um pai coruja e conquistando de Kevin um carinho que a mãe não conseguiu. No desenrolar dessa segunda metade do livro, Eva se desenvolve ainda mais, e eu arriscaria dizer que é a melhor protagonista que eu já vi até hoje. Da metade ao fim do livro é quando ele se torna mais impossível de largar. A relação entre Kevin e a mãe só vai se tornando mais difícil com o decorrer da leitura, e não sei se devo ter vergonha de dizer que estive curiosíssimo para ler mais e mais disso – estava achando toda essa tragédia grega deliciosa.

Precisamos falar sobre o Kevin foi um divisor de águas para mim. Um livro pelo qual eu não daria nada e que foi uma das maiores – se não a maior – surpresas que já tive na vida de leitor. É um favorito para a vida inteira que vou sempre querer abraçar forte quando tirar da estante e começar a ler tudo outra vez. Lionel Shriver ganhou um fã.

Claros sinais de loucura, de Karen Harrington

Karen Harrington
ISBN: 978-85-8057-507-1
Edição: 1 / 2014
256 páginas
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
Você nunca conheceu ninguém como Sarah Nelson. Enquanto os amigos acompanham as aventuras de Harry Potter, ela escreve cartas para Atticus Finch, advogado de O sol é para todos. Também coleciona palavras-problema em um diário, tem uma planta como melhor amiga e vive tentando achar sinais de que está ficando louca. Não é à toa: a mãe tentou afogá-la quando criança e Sarah vive com o pai alcoólatra.

Com a chegada do verão em que completa doze anos, Sarah está cada vez mais apreensiva. Sente falta de um pai mais presente e das experiências que não viveu com a mãe, já se acha grande demais para passar as férias na casa dos avós, está preocupada com a árvore genealógica que fará na escola e ansiosa porque seu primeiro beijo de língua ainda não aconteceu. Mas a vida não pode ser só de preocupações, e entre uma descoberta e outra, pouco a pouco, Sarah vai perceber que seu verão tem tudo para ser muito mais que isso. Bem como seu futuro.

Sou apaixonada por livros infanto-juvenis, então decidi pedir este de cortesia para a editora. Obrigada, Intrínseca.

Sarah Nelson, nossa protagonista, acaba de fazer doze anos e está perto de ingressar no sétimo ano. Amiga de Lisa – uma garota viciada em relacionamentos alheios – e Planta – um ser fotossintetizante –, além de colecionadora de palavras-problema, ela está prestes a ter experiências ímpares enquanto procura por sinais de loucura – genes possivelmente herdados da mãe –, planeja o primeiro beijo e se prepara para o trabalho sobre árvores-genealógicas do próximo ano letivo, quando todos acabarão descobrindo que ela é filha de Jane Nelson.

Acontece que a mãe de Sarah tentou afogar ela e o irmão quando eles tinham apenas dois anos de idade. E, infelizmente, o menino, irmão gêmeo de Sarah, não sobreviveu. Graças à polêmica gerada pela mídia sensacionalista, todas as pessoas do país e do mundo passaram a falar sobre isso, desestabilizando Sarah e o pai, um alcoólatra.

Decidida a fazer seu possível último verão em Garland, o sovaco do Texas, valer a pena, Sarah reluta em ir para a casa dos avós em Houston. Depois de implorar por algo realmente divertido ao pai, ela se surpreende com a proposta feita posteriormente por ele: se voltasse para casa ao anoitecer, Sarah poderia passar os dias com Finn e a irmã Charlotte, seus vizinhos universitários.

Fã de “O sol é para todos” e caçadora assídua de palavras diferentes, Sarah não aparenta ter só doze anos e demonstra isso desde o princípio, possibilitando a compreensão mútua entre o personagem e o leitor. Adultos poderão se identificar com ela, ouso dizer.

A protagonista tem muito que aprender durante o verão, assim como os leitores. Amadurecimento, frustrações, descobertas e autodescobertas fazem de “Claros sinais de loucura” uma leitura rápida, dinâmica e cativante.

Com uma narrativa simples, personagens riquíssimos e citações marcantes, Karen Herrington não decepciona em seu primeiro livro infanto-juvenil.

Recomendo para os fãs de John Green, pois possui uma pegada similar, e para aqueles que buscam uma leitura mais introspectiva.


Bela Maldade, de Rebecca James

Rebecca James
Edição: 1 (2011)
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580570816
Páginas: 302
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
Após uma horrível tragédia que deixou sua família, antes perfeita, devastada, Katherine Patterson se muda para uma nova cidade e inicia uma nova vida em um tranquilo anonimato. Mas seu plano de viver solitária e discretamente se torna difícil quando ela conhece a linda e sociável Alice Parrie. Incapaz de resistir à atenção que Alice lhe dedica, Katherine fica encantada com aquele entusiasmo contagiante, e logo as duas começam uma intensa amizade. No entanto, conviver com Alice é complicado. Quando Katherine passa a conhecê-la melhor, percebe que, embora possa ser encantadora, a amiga também tem um lado sombrio. E, por vezes, cruel. Ao se perguntar se Alice é realmente o tipo de pessoa que deseja ter por perto, Katherine descobre mais uma coisa sobre a amiga: Alice não gosta de ser rejeitada...

Bela Maldade estava na minha lista de desejados há muito tempo e tinha tudo para ser um livro incrível: é um thriller psicológico – meu gênero favorito atualmente, lembram? –, tem uma premissa interessante e já teve seus direitos de publicação vendidos para mais de trinta países. Sem falar que é um livro da Intrínseca, editora que possui um catálogo digno de confiança. Mas tantas qualidades não foram o suficiente: apesar de não ter sido uma leitura totalmente ruim, Bela Maldade ficou muito abaixo das minhas expectativas.

O livro já começa num ritmo bem lento, o que ao menos é justificado por ser a etapa utilizada para apresentar personagens – algo que a autora faz muito bem, aliás. Rebecca soube dosar a quantidade de informações sobre o passado da protagonista de modo a incitar curiosidade no leitor, o que motiva a continuação da leitura. A maioria dos personagens secundários também recebe atenção e apresenta uma construção satisfatória.

Passada a fase de introduções, é a partir de flashbacks e vislumbres do futuro que a leitura começa a fluir de verdade. Porém isso acontece de forma irregular: alguns poucos momentos são bastante empolgantes; já outros, extremamente penosos de ler. O que não deveria ter acontecido, já que a autora tinha em mãos uma história interessante e um sistema de narrativa bem maleável, que poderiam ser usados a seu favor para evitar essa inconstância. Infelizmente, isso não aconteceu tão bem quanto eu esperava.

Assim como o ritmo da história, a personalidade de alguns personagens – a de Alice em especial – também se torna muito inconstante. Tudo bem que é algo que condiz com a trama, mas o exagero fez com que parecesse forçado e irreal demais, a ponto de não me convencer e atrapalhar minha apreciação da leitura até o final. Isso contribuiu para que a sensação que tive ao ler as últimas palavras fosse de alívio, e não de satisfação.

No fim, a impressão que Bela Maldade deixou foi a mesma que uma montanha-russa infantil deixaria. Algo colorido (convenhamos, o trabalho gráfico está impecável), atrativo, mas que não transmite a emoção esperada no momento da leitura. Ainda assim, continua uma forma de entretenimento segura: recomendo o livro para quem gosta de tramas adolescentes, histórias interessantes (ainda que mal contadas) e livros bonitos para se ter na estante.

Amanhã Você Vai Entender, de Rebecca Stead

Rebecca Stead
Edição: 1
224 páginas
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580570540
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
A jovem Miranda Sinclair precisa desvendar um enigma na Nova York do final da década de 1970. Em Amanhã você vai entender, seu melhor amigo é agredido na rua, um estranho pode ter invadido a casa dela e uma série de bilhetes, que ela não compreende nem tampouco sabe quem escreve, alerta sobre a morte de alguém. Alguém que ela poderá ajudar a salvar. À medida que as mensagens chegam, Miranda percebe que quem as escreve sabe de detalhes de sua vida que ninguém deveria saber. E, conforme as peças do quebra-cabeça se encaixam, ela finalmente percebe que a resposta sempre esteve ali, bem em sua frente - mas o tempo é ardiloso: guarda hoje momentos que só amanhã você vai entender. Amanhã você vai entender, segundo livro de Rebecca Stead, recebeu a Medalha Newbery, prêmio da American Library Association destinado às mais importantes contribuições norte-americanas à literatura jovem.

Amanhã Você Vai Entender (When You Reach Me) foi resultado de uma dessas promoções de fim de ano da Saraiva. Não tinha ideia do que falava a história, só havia me apaixonado instantaneamente pela capa. Também não fazia ideia do valor da história que o livro me contaria.

Miranda é uma criança comum. Quase comum, na verdade. Ela não possui muitos amigos, mora com a mãe e recebe visitas regulares do namorado da mãe, Richard. O único amigo de Mira é Sal, um garoto que mora no mesmo prédio e parece conviver com Miranda desde sempre.

A partir do início da trama, Miranda começa a receber, por meios improváveis, alguns recados que aparentam saber do futuro. Recados que antecipam ações que Miranda exerce sem perceber – olá, oráculo de Édipo Rei! – e a deixam intrigada, ainda mais porque tais recados falam sobre a morte de alguém próximo a ela. Ao mesmo tempo, Sal é agredido por nenhuma razão aparente, os sapatos de Richard são roubados e um maluco chuta o ar incessantemente e declama coisas sem sentido algum no quarteirão do prédio onde Mira mora.

Estou indo salvar a vida de seu amigo e a minha.
Peço dois favores.
Primeiro, você precisa me escrever uma carta.

Pronto, essa é a ideia principal do livro, desde o desvendar do grande mistério acerca dos bilhetinhos e da suposta “morte iminente” até uma profunda discussão sobre viagem no tempo. Mas, é claro, Rebecca Stead vai tão além do esperado. Presumo que não tenha sido por nada que ela, afinal, ganhou um prêmio da "American Library Association" por colaboração à literatura jovem com Amanhã Você Vai Entender.

No desenvolver do livro, Rebecca vai nos introduzir em uma série de fatos que podem ser entendidos como totalmente desconexos, mas que se unem em um final muito bem escrito, muito inteligente e, acima de tudo, muito simples – do tipo “estava lá o tempo todo e só você não viu”.

A história é escrita em primeira pessoa, pela visão de Miranda, abrindo chances para uma perspectiva muito inocente, singular e com uma pequena quantidade de sobrenaturalidade. Muitas vezes o poder do enredo me lembrou o de Oceano no Fim do Caminho, com toda a coisa do início simples que se desenrola em uma obra de proporções épicas.

Pronto, virei fanboy de Amanhã, é fato. Se há algo negativo sobre o livro, é a sua falta de reconhecimento. Intrínseca tem vários trunfos no seu baralho e parece que nem se dá conta – como Amanhã Você Vai Entender, que não só pode como deveria se tornar um bestseller aqui entre o grupo de leitores brasileiros.

Se estou com medo de alguém na rua, viro para ele (é sempre um menino) e digo:
‘Com licença, por acaso sabe que horas são?’
Esse é o meu jeito de dizer à pessoa:
‘Vejo você como um amigo, e não há motivo para me machucar ou tirar algo de mim. Nem relógio eu tenho, e provavelmente não vai valer a pena me assaltar.’

A edição do livro é “padrão Intrínseca”, com letras grandes, um espaço bom entre as linhas e margens generosas. Folhas amarelas e verniz localizado em várias partes da capa. O preço também é padrão Intrínseca, no valor normal de cerca de 20 reais, podendo baixar para até R$ 7,90, que foi o tanto que paguei no meu.

Quatro estrelas muito bem dadas é o que Amanhã leva de mim – poderiam ser cinco, mas não posso evitar esperar uma leitura ainda melhor que a dele. Que Rebecca saiba aproveitar o seu talento para a produção literária e que muitos outros livros dela cheguem em minhas mãos e me ofereçam uma experiência tão agradável quanto a que achei em Amanhã Você Vai Entender.


Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan
















Se você não viveu numa caverna durante os últimos dez anos, provavelmente já ouviu o nome “Percy Jackson” em algum lugar. Na escola, na TV, no cinema, na casa do seu primo... O jovem semideus é tão popular que seu nome já chegou até aos locais mais imprevisíveis. E não poderia ser diferente: vender mais de 15 milhões de livros ao redor do mundo, ganhar adaptação para o cinema e os quadrinhos e protagonizar mais de dez livros não é pra qualquer um. E é por isso que hoje vamos analisar “Percy Jackson e os Olimpianos”, primeira série de fantasia do americano Rick Riordan e uma das mais famosas da atualidade. Afinal, será que todo esse sucesso é fruto da sorte ou do talento? 

Os Legados de Lorien: Livros de 1 a 3


Os Mogadorianos são um povo destrutivo e impiedoso. Quando destroem inclusive o seu próprio planeta, Mogadore, partem para Lorien, terra dos Lorienos, para destruí-los e conquistar o território.

O líder de Lorien era Pittacus Lore (mesmo nome do pseudônimo do autor da série), e havia uma equipe de seres com poderes especiais inimagináveis, mas que ainda assim caiu perante os habitantes do antigo Mogadore.

Os Lorienos são dizimados, com a exceção de 9 jovens – herdeiros da Herança de Pittacus e seus aliados – e 9 Cêpans, mestres e orientadores dos Lorienos. Os 9 jovens estavam sob uma maldição: só poderiam morrer em uma ordem pré definida. A rota de fuga dos lorienos era a Terra e, quando chegam, os 9 pares de guerreiros se espalham pelo território terrestre e os Cêpans têm que treinar os 9 Herdeiros para a luta iminente com Mogadorianos e seu líder, Setrákus Rá. Sabem apenas que eles, os Mogadorianos, virão caçá-los, mais cedo ou mais tarde.

Ratos, de Gordon Reece

Gordon Reece
Edição: 1
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580570700
Ano: 2011
Páginas: 240

Sinopse:
Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.

Ratos é um dos livros mais surpreendentes que já li. Jamais pensei que uma obra comprada no impulso, que chamou a atenção apenas por sua frase de capa, pudesse ser tão impactante. O que temos nesse livro não é apenas aquela história de bullying protagonizada por um “coitadinho” como tantas outras que vemos por aí. Gordon Reece vai muito além, explorando o interior da consciência humana e a fronteira entre a fragilidade e a loucura. Como a própria sinopse já diz, até os ratos tem um limite, e é exatamente este o assunto principal do livro.

Hush, Hush (série), de Becca Fitzpatrick – COM SPOILERS

Nota d’A Editora: (Mas já? Pois é. Nem começou o texto e eu já estou aqui enchendo o saco.) Olá, gente. Queria fazer um breve comentário SOBRE A NATUREZA DOS POSSÍVEIS SPOILERS DO TEXTO. Eu, particularmente, nunca li a série e as informações não me incomodaram, mas vejo como outras pessoas poderiam se incomodar. Como é a resenha da série inteira, é normal que alguns detalhes de volumes anteriores sejam revelados quando se começa a falar dos volumes finais. Algumas coisas mencionadas podem levar a conclusões e inferências indesejadas – ou não. Cabe ao leitor filtrar a intensidade com a qual ele, pessoalmente, se importa em saber spoilers. Tomando a mim como exemplo, eu sou bem chata (daquelas “me conta alguma coisa e eu te mato”) e não achei esse texto excessivamente revelador. Porém deve ser levado em conta que uma pessoa que já começou a ler a série possa ter conhecimentos que a façam atingir uma interpretação mais profunda do que é contado na resenha. Dito isso, depois não vale reclamar. Spoiler ou não, eis a questão.


Hush, Hush - a série

            Então, galera, hoje falarei sobre uma das minhas séries favoritas: Hush Hush, de Becca Fitzpatrick. Com capas lindas, em preto e branco com sutis detalhes em vermelho, e narrada em primeira pessoa, a série conta a história de Nora Gray e Patch Cipriano.     
            Nora é uma menina simples, que mora em uma casa de campo com a mãe, dedicada aos estudos, sem vida amorosa ativa – apesar de sua melhor amiga, Vee Sky, tentar ao máximo arranjar-lhe companhia – e constantemente  importunada por sua arqui-inimiga, Marcie Millar, que tenta fazer da sua vida, e da de Vee, um inferno desde sempre. Patch é o mais novo parceiro de laboratório de Nora – misterioso, sexy, sombrio e com profundos olhos negros, um dos melhores Bad Boys na minha opinião.

Hush, Hush vol. 1, Becca Fitzpatrick, 1º Edição

                
            O primeiro livro conta sobre o começo do relacionamento levemente conturbado de Nora e Patch. Ele é irresistível e faz de tudo para levar Nora ao limite, mas, mesmo assim, tenta protegê-la ao máximo. Nora sabe que Patch não é flor que se cheire, mas adora a vista. O que a maioria de nós também faria, não é mesmo? hahaha.
            Então, após uma série de estranhos acontecimentos,  Nora  sai de sua cômoda normalidade e se vê jogada em um mundo em que anjos caídos e nephilins existem e brigam há séculos – tendo como pano de fundo o autoritarismos dos arcanjos –, briga na qual ela entrará em busca de respostas, mas não sairá sem sacrifícios.

            Os olhos de Patch eram como órbitas negras. Absorviam tudo e não devolviam nada. Não que eu quisesse saber mais sobre ele. Se não gostei do que vi por fora, duvidava de que fosse gostar do que espreitava lá no fundo. O único problema é que isso não era bem verdade. Eu adorei o que vi. Músculos longos e esguios nos braços, ombros largos, mas relaxados e um sorriso que era meio debochado, meio sedutor. Estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já começava a parecer irresistível.

Hush, Hush vol. 2, Becca Fitzpatrick, 1º Edição
                               
            Já no segundo, Nora ganha um anjo da guarda e – advinhem quem é? O problema é que, mesmo tendo de cumprir seus deveres angélicos, Patch parece cada vez mais distante de Nora e mais próximo de Marcy, a pessoa mais irritante ever e arqui-inimiga de Nora. E, como se isso não fosse o suficiente, ela começa a ter estranhos sonhos, com seu pai falecido há anos, que têm mais a ver com o presente e sua linhagem do que ela sequer imagina.
            É aí que o recém-chegado à cidade, Scott Parnell, chama sua atenção. Antigo conhecido da família e típico garoto-problema – do tipo que tem um pequeno pé de maconha no quarto –, faz de tudo para deixá-la furiosa e tem segredos a esconder muito piores do que uma simples jardinagem ilegal.
            Mas, como tudo parece sempre ter um lado bom se olhado de outro ângulo, Patch descobre que ele e Nora podem interagir através dos sonhos dela.

            ­– Anjo.
            Levantei os olhos quando Patch disse meu apelido em meus pensamentos. Estar perto de você, da forma que for, é melhor que nada. Não vou perdê-la. Ele fez uma pausa e, pela primeira vez desde que o conheci, vi uma sombra de preocupação em seus olhos. Mas já caí uma vez. Se eu der aos arcanjos motivos para imaginarem que estou remotamente apaixonado por você, eles vão me mandar para o inferno. Para sempre.

Hush, Hush vol. 3, Becca Fitzpatrick, 1º Edição
                                         
            Então, no terceiro livro, Nora, após ficar desaparecida por semanas – devido a um sequestro no qual a moeda de troca pela sua liberdade foi altíssima –, é finalmente encontrada em um cemitério e não se lembra dos últimos cinco meses, ou seja,  não se lembra de Patch, Scott, anjos caídos, nephilins, arcanjos, o Mão Negra e esse tipo de coisas.
            Para completar, descobre que sua mãe está namorando ninguém mais, ninguém menos, do que Hank Millar! O recém-divorciado pai de Marcy, do qual Nora não gosta nada e muito menos confia. E há também a chegada de Dabria, uma personagem in-su-por-tá-vel, que parece ser uma versão 2.0 de Marcy.
            E, no meio de todo esse caos,  mesmo com a intensa ajuda de seus amigos Scott e Vee, ela continua, obviamente, muito confusa. Afinal, não se lembrar de cinco meses da sua própria vida deve ser bem tenso, não acham?
            Além de tudo isso, um novo e sexy desconhecido, chamado Jev, parece ser a peça vital para que ela recupere suas memórias  roubadas. E, quando ela descobre a verdadeira identidade desse desconhecido, tudo parece fazer sentido.

            – Minha história é longa e não há muita coisa boa nela. Não posso apagá-la, mas estou decido a não errar novamente. Não quando os riscos são grandes, não quando envolvem você. Há um objetivo em tudo isso, mas vai levar um tempo. – Dessa vez ele me abraçou e afastou o cabelo do meu rosto, e alguma coisa dentro de mim se desfez ao seu toque. Lágrimas quentes transbordaram de meus olhos. – Se eu perder você, perco tudo.



Hush, Hush vol. 4, Becca Fitzpatrick, 1º Edição
                                              
            E, finalmente, no quarto livro, Nora se vê  forçada a fazer uma grande escolha. Ganha novos poderes, que tem como bônus uma enorme responsabilidade, uma liderança imposta – da qual seus subordinados não a acham digna – e um pacto que, se não cumprido, resulta em morte, no caso a sua própria e a de sua mãe.
            Nesse novo contexto, conhecemos melhor Dante – seu primeiro tenente, que parece fazer de tudo para ajudá-la a conquistar a confiança de seus subordinados , vemos Nora 
adquirir um vício e a intimidade forçada com Marcy Millar, que se aloja em sua casa (ato totalmente consentido por ambas as mães e muito estranho aos olhos de Nora e de Vee).
            Ser perseguida por anjos caídos, nephilins e arcanjos não fazia parte de seus planos, bem como o ressurgimento de Dabria e o leve autoritarismo de Patch em relação a sua segurança. E, quando um chantageador está prestes a ser pego, percebe-se que nem todos são tão confiáveis assim. Nora e Patch devem recorrer a planos arriscados para garantir um futuro sem guerras para todos, e feliz para si. Mas e se o plano não der certo? Qual será a melhor solução no final das contas?

            Sempre que a dúvida e a tristeza invadiam minha mente, tudo o que eu precisava fazer era pensar nele. Não sabia se tinha feito a melhor escolha todas as vezes, mas de uma coisa eu não tinha dúvida: tinha acertado com relação a Patch. Não podia desistir dele. Nunca.

            As cenas românticas de Nora e Patch tendem a ser levemente calientes e bem tensas, mas também carregas de um humor sarcástico maravilhoso. E, no final dos livros, são apresentadas as soluções perfeitas para que todos os problemas sejam resolvidos. Previsível? Nem de longe, pois, quando tudo parece  estar perfeito, há uma reviravolta tamanha que te faz pensar que não há solução possível para arrumar a bagunça. E isso é sensacional!  Você fica imaginando o que a louca da autora pretende fazer para resolver tudo e, no final das contas, não é nada óbvio.
            O final da saga não me agradou muito por dois motivos: pelo o final que a autora deu a dois personagens que fazem parte do núcleo principal da trama e pela rapidez com que a história termina. Porém, mesmo assim, é empolgante, instigante e, com certeza, inesquecível.
             Amo, amo, amo!
            Becca anunciou em seu Twitter há poucos meses que o primeiro livro, Sussuro, vai receber uma adaptação cinematográfica pelas mãos da LD Entertainment e do roteirista Patrick Sean Smith, do seriado americano Greek, adaptação essa que tem o início das filmagens planejado para o segundo semestre de 2013.  Becca nos fala um pouquinho sobre suas antigas ideias:
            “Eu comecei a escrever Hush, Hush há quase dez anos, então estava imaginando atores que, obviamente, já não têm mais idade para os papéis. Eu queria Steven Strait para Patch e Emmy Rossum para Nora”, disse Becca Fitzpatrick ao Entertainment Weekly.
            No Twitter, seus seguidores sugeriram nomes como Beau Mirchoff, Drew Doyon, Shiloh Fernandez, Mario Casas, Thomas Dekker e Avan Jogia, para viver Patch; Shelley Hennig, Kaya Scodelario, Lucy Hale e Troian Bellisario, para Nora. E aí? Qual é o seu elenco dos sonhos? Conta pra gente!

Encontre:  Saraiva & Iba (ambos em versão digital)