Psicose, de Robert Bloch

Robert Bloch
Edição: 1 (2013)
Editora: DarkSide
ISBN: 9788566636109
Páginas: 256
Encontre: Saraiva

Sinopse:
Edição especial capa dura com caderno de fotos do clássico do Hitchcock. Uma verdadeira edição de colecionador, para quem gosta e entende do assunto. “Psicose”, o clássico de Robert Bloch, foi publicado originalmente em 1959, livremente inspirado no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas. Em “Psicose”, sem edição no Brasil há 50 anos, Bloch antecipou e prenunciou a explosão do fenômeno serial killer do final dos anos 1980 e começo dos 1990. O livro, assim com o filme de Hitchcock, tornou-se um ícone do horror, inspirando um número sem fim de imitações inferiores, assim como a criação de Bloch, o esquizofrênico violento e travestido Bates, tornou-se um arquétipo do horror incorporado a cultura pop.

Nunca me senti tão feliz por nunca ter assistido um dos maiores clássicos do cinema mundial. Sempre existe aquela exclamação de um amigo cinéfilo que acha o maior absurdo da face da Terra alguém não ter assistido Psicose e, ao menos desta vez, não senti aquela vergonha interna e sentimento interno de “sou um sem cultura”.

Depois de anos sem uma edição do livro no Brasil, a Editora Darkside trouxe para as nossas terras o livro que originou o clássico de Alfred Hitchcock. Robert Bloch é respeitadíssimo nos Estados Unidos, elogiado e reverenciado por diversos grandes autores e, tristemente, tão pouco conhecido no Brasil. A Darkside tem se tornado famosa pelo capricho de suas edições e o projeto gráfico de Psicose é um exemplo perfeito disto. A editora publicou o livro em duas versões – uma edição comum e uma edição especial de colecionador, de tiragem limitada –, mas ambas exibem o mesmo primor com revisão e diagramação, possuem imagens relacionadas ao filme e belas aberturas de capítulo representadas por chaves do Bates Motel.

O autor inicia a narrativa nos apresentando Marion “Mary” Crane, uma secretária que se encontra com uma oportunidade única nas mãos quando o patrão lhe entrega quarenta mil dólares em dinheiro para serem depositados. A moça foge com o dinheiro, planejando uma nova vida no caminho, enquanto troca de carro constantemente para evitar ser rastreada. Ela sai em busca do noivo, que vive em uma cidadezinha distante, e pretende, com parte do dinheiro roubado, saldar uma dívida que o falecido sogro deixou e que impediu o casal de planejar seu casamento.

A prosa de Bloch é direta, ágil, madura, sem rodeios. Mary e todos os outros personagens primários são muito bem apresentados e desenvolvidos, em um bom timing do autor para o ritmo acelerado de ação do livro e para as passagens onde os personagens são esmiuçados perante os olhos do leitor. Bloch faz tudo em um ritmo perfeito, de suspense crescente, e que, à medida que a leitura avança, alimenta uma curiosidade tão grande que se torna quase impossível fazer uma pausa. A sensação de pausar a leitura de Psicose é exatamente a mesma de parar no meio do melhor dos filmes de suspense.

No caminho para a cidade de seu noivo, Mary toma uma estrada errada e, tarde da noite, faz uma pausa para descansar num motel* de beira de estrada que encontra. O Bates Motel está quase falido devido à abertura de uma grande rodovia que tornou obsoleta a estrada à beira da qual ele se estabelece. O motel é dirigido por Norman Bates, um gorducho e impotente homem de meia idade que ainda vive sob a sombra da autoridade de sua mãe, uma viúva senil. Embora doente e dependente, a Sra. Bates exerce autoridade total sobre Norman, que é submisso à mulher desde que se entende por gente e nunca realiza seus planos de fechar o motel e internar a velha em um asilo.

É aí, no primeiro encontro entre Norman e Mary, que o suspense começa a ascender aos níveis mais altos. A história sofre um plot twist e embarca numa investigação policial agoniante que vai te fazer virar páginas e roer unhas até o final do livro. Bloch construiu um desfecho impressionante, que é ainda mais inesperado quando o leitor nunca viu o filme. Foi exatamente esse final de cair queixos que me fez feliz por nunca ter tido contato com esta obra prima antes. É possível entender, ao ler o livro de Robert Bloch, o porquê de Alfred Hitchcock ter corrido para comprar todos os exemplares existentes e impedido que as pessoas soubessem o final antes que ele produzisse o filme. É necessário acompanhar a história desde o começo para sentir o suspense se instalar e crescer dentro de você, para culminar nesse clímax espetacular. As pessoas não deviam se sentir carentes de cultura por não ter visto o filme de Hitchcock, mas sim por não ter lido antes o livro que o inspirou.

Notas d’A Editora: *Só lembrando que motel, aqui, não tem o significado comumente atribuído no Brasil. Nesse texto, a palavra significa “hospedaria de beira de estrada”.
“Sempre existe aquela exclamação de um amigo cinéfilo que acha o maior absurdo da face da Terra alguém não ter assistido Psicosee “As pessoas não deviam se sentir carentes de cultura por não ter visto o filme de Hitchcock, mas sim por não ter lido antes o livro que o inspirou” foram passagens obviamente escritas como indiretas deselegantes direcionadas à minha pessoa, e estou profundamente ressentida. Risos.


2 comentários:

  1. Oi, Nicolas!

    Vi seu blog no grupo Blogueiros Literários e vim aqui te visitar e seguir. :)

    Beijos!

    www.oblogdasan.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita, Sandra! Seja bem vinda ao Ourives, espero que goste! (;

      Excluir