Victor Lodato
Editora Intrínseca
312 páginas
ISBN 9788580571639
1ª edição - 2012
Sinopse
Mathilda Savitch tem conflitos que extrapolam as dores comuns da adolescência: sua irmã mais velha é brutalmente assassinada, jogada na frente de um trem por um desconhecido. Com a angústia de uma nação em guerra contra o terrorismo e os pais enlutados pela tragédia familiar, Mathilda decide usar a maldade para provocar alguma reação neles, que estão completamente catatônicos. Eleito o melhor livro de 2009 pelo The Christian Science Monitor, pela Booklist e pelo The Globe and Mail, o romance de estreia do poeta e dramaturgo Victor Lodato retrata, de maneira impressionante, a vulnerabilidade e a aparente ousadia adolescente.
Um dos maiores prazeres que existem na vida de um
leitor é comprar e ler um livro às cegas, sem saber absolutamente nada sobre
ele, e ter uma boa surpresa. Esbarrei em Mathilda Savitch numa estante
de livros em promoção, um bota-fora de coisas que estavam paradas nas
prateleiras há tempos numa livraria de shopping. Foi o livro que mais me chamou
a atenção, por mais que eu não tenha sequer parado para ler a sinopse. Como já
sabia que levaria algo devido a minha incapacidade de ignorar livros a menos de
dez reais, a capa e o título bastaram para que eu o escolhesse.
Ao contrário do esperado, uma vez que imaginei se
tratar de um drama, o livro é narrado por uma criança, a que dá nome à
história. Mathilda é uma menina ainda a caminho de entrar na puberdade, muito
inteligente e curiosa para a sua idade. Às vezes ela nos faz rir, um tanto
envergonhados, porque fala despudoradamente sobre suas impressões sobre os
adultos. Durante a história, o autor estreante retratou com muito cuidado, mas
com uma honestidade que chega a causar um pouquinho de vergonha, o despertar da
sexualidade da criança que se torna adolescente.
Mas a história não é sobre o amadurecer de
Mathilda, embora a personagem cresça e evolua ao longo da trama. Há alguns
meses, a menina perdeu a irmã, Helene, em um acidente terrível. Os pais de
Mathilda lidam com isso evitando conversar sobre ela, mantendo seu quarto
impecável e como a adolescente gostava, mas Mathilda se sente profundamente
incomodada com o silêncio dos pais sobre o que houve. A menina está o tempo
inteiro preocupada que, após quase um ano da morte de Helene, ainda haja
mistérios a respeito das circunstâncias em que ela morreu. Mais explicitamente,
não se sabe quem matou a adolescente. E Mathilda resolve, por conta própria,
iniciar uma investigação em busca da identidade do assassino de sua irmã.
Embora Victor Lodato, que é dramaturgo e poeta,
tenha estreado com este romance, desenvolveu uma história sutil, capaz de nos
transportar de volta àqueles momentos de descobertas e de chutar as quinas dos
móveis da casa. Mathilda é dona de uma acidez que o tempo todo nos faz rir de
coisas que não têm graça alguma. Em sua decisão de ser uma menina má, ela tira
os pais de seu sossego e torpor, do silêncio que foi a forma de lidarem com a
perda da filha. Ao longo de uma narrativa gostosa, começamos a notar cada vez
mais a profundidade da história, que aos poucos vai ficando mais preocupante e
comovente.
Mathilda Savitch é um livro curto, contado
por uma protagonista inteligente, de um humor sarcástico e crítico; uma menina,
acima de tudo, curiosa. Curiosa pelo que houve com a irmã e com o que ela fazia
em sua maioridade. Enquanto a personagem nos guia ao ir desvelando o mistério
da morte de Helene, vai também nos angustiando o tempo todo com o seu crescer.
Um livro curto que é como sua jovem protagonista: maior por dentro.
Eu AMO ler livros às cegas e me surpreender. Nunca tinha ouvido falar nesse livro mas eu já amei por ser narrado por uma criança =O
ResponderExcluirhttp://quasedemanha.com
Ler as coisas às cegas é muito gostoso, fiz bastante disso esse ano, e no geral, só li coisa boa (': nossa, tente ler sim! a coisa legal é que é narrado por uma criança, mas ela, a Mathilda, entra nuns assuntos bem tensos, como o sexo, que é algo muito além do tipo de histórias que estamos acostumados a ver tendo crianças como protagonistas
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