Partials, de Dan Wells

Dan Wells
Edição: 1
Editora: iD
ISBN: 9788516083250
Ano: 2012
Páginas: 528

Sinopse:
A raça humana está quase extinta após a guerra com os Partials – seres criados em laboratório, idênticos aos humanos. Eles liberaram o vírus RM, ao qual apenas uma pequena parte da população é imune. Os sobreviventes da América do Norte se reuniram em Long Island ao mesmo tempo que os Partials se retiraram da guerra misteriosamente.
Kira é uma médica em treinamento que vê, dia após dia, todos os bebês morrerem, pouco tempo após o nascimento. Há mais de uma década nenhum nasce imune ao RM. O tempo está se esgotando e, com ele, a esperança.
Decidida a encontrar a cura, Kira descobrirá que a sobrevivência dos humanos tem muito mais a ver com as ligações entre eles e os Partials do que se imagina. Ligações das quais a humanidade se esqueceu, ou simplesmente não sabia que existiam...

Depois de ler tantas distopias como eu li, é difícil achar algo realmente original. Foi estranho achar um resultado tão inesperado de uma fórmula que eu já tanto conhecia.

Não conhecia Partials até alguns dias atrás, quando fui assistir à adaptação de Cidade dos Ossos com a Ana e passamos na Saraiva depois da sessão. Partials está entre os favoritos da lista dela e me foi indicado durante o tempo em que ficamos rodando a livraria. Obrigado, Ana.

Dan Wells, autor da trilogia.
O fundo da história é sobre uma sociedade sobrevivente do ataque Partial – Partials são criaturas criadas por uma empresa de experimentos genéticos, ParaGen, para lutar as batalhas humanas. Tudo muda quando a guerra acaba e os membros do exército são dirigidos a subempregos e são desprezados e desconsiderados pela população. O exército se volta, então, contra os humanos e dizima cerca de 99% das pessoas. Junto com o ataque, os Partials também liberam um vírus RM que infecta todo mundo (menos os próprios Partials) e mata recém-nascidos. Sendo assim, não nascem bebês que sobrevivam mais que alguns minutos há 11 anos e, se não acharem uma cura, não haverão descendentes para dar continuação ao já escasso rastro de vida humana na Terra.

Este é um sonho realmente incrível - brincou Xochi.
Pelo jeito, sonhos incríveis são tudo o que nos resta.

Por causa do vírus, os senadores, líderes políticos da vila onde mora o restante de humanos vivos e onde a maior parte da história se passa, criam a Lei da Esperança, a qual obriga todas as mulheres a partir de certa idade – a idade passa a diminuir constantemente, dos 20 aos 18 e, logo depois, aos 16 anos – a engravidarem, seja por relações diretas com homens ou inseminações artificiais, para aumentar as chances de nascer uma criança imune ao RM.

Conhecemos a estagiária Kira Walker, que trabalha na maternidade do único hospital da pequena vila onde mora – considerada a única vila na face do planeta e, se há outra, não se tem conhecimento da sua existência. Kira já está farta de ver crianças morrendo e mães desesperadas todos os dias e quer achar, mais que nunca, a cura para o vírus RM, sentimento reforçado quando descobrimos que sua melhor amiga/irmã, Mads, engravida.

O problema é que todo sangue está infectado e não há fonte para pesquisas novas e producentes. A não ser que examinem a única criatura imune a tudo, um Partial.

A partir dessa ideia, seguimos Kira e seu grupo de amigos – que envolve militares, políticos e outros funcionários do hospital – até fora da “rede”, área administrada pelo senado, nos encaminhando para planos imaturos, mal feitos e muito, muito imprudentes.

O ataque a Pearl Harbor ficou na memória de nossos antepassados como o dia da infâmia. O dia em que os Partials nos atacarem com o vírus RM não ficará em memória alguma, pois não haverá ninguém para se lembrar disso.

Com uma narrativa não tão fluida no início da trama, Dan consegue encharcar as páginas de Partials com ação ininterrupta, um romance parcialmente meia boca – mas satisfatório – e muita, muita aventura!

O tipo de história sobre a qual você fica criando hipóteses mirabolantes e nunca consegue prever o que vem em seguida, cheia de traição e reviravoltas, Partials te dá uma montanha russa de emoções muito bem distribuída nas suas 528 páginas. Detalhe: o final do livro já começa nas últimas 100 páginas, o que dá à história o tempo certíssimo para se desenrolar e chegar ao maldito cliffhanger que vai puxar o segundo livro da trilogia – já lançado no exterior e sem avisos por parte da editora iD sobre a tradução.

O que pode irritar você, caso se importe com isso, é o que Lígia, A Editora, nomeou de “síndrome do protagonista”, na qual o personagem principal da história é “fodão”, sabe sempre o que fazer, por mais que sempre se diga “inexperiente” e “despreparado,” e nunca corrompe seus valores. Sim, achei Kira muito fraca para o tanto de história e trama que lhe foram reservadas. Não, não tira créditos consideráveis da obra.

Sou mais forte que minhas provações.

Posso ter achado as “descobertas finais” um tanto quanto equivocadas, mas talvez o Sr. Wells me convença de suas decisões com o decorrer da história.

Um livro um tanto quanto queria-tê-lo-lido-antes, Partials vem para me mostrar que o gênero distópico ainda tem faces a serem exploradas, assim como Dan Wells fez, está fazendo e, assim espero, também fará no ainda-não-nomeado terceiro e último volume da série.


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