Celular, de Stephen King

Stephen King

Edição: 1
Editora: Objetiva
ISBN: 9788573028621
Ano: 2007
Páginas: 400

Sinopse:
Onde você estava no dia 1º de outubro? O protagonista desta história, Clay Riddell, estava em Boston, quando o inferno surgiu diante de seus olhos. Bastou um toque de celular para que tudo se transformasse em carnificina. Stephen King – que já nos assustou com gatos, cachorros, palhaços, vampiros, lobisomens, alienígenas e fantasmas, entre outros personagens malévolos – elegeu os zumbis como responsáveis pelo caos desta vez.
Depois de anos de tentativas frustradas, o artista gráfico Clay Riddell finalmente consegue vender um de seus livros de histórias em quadrinhos. Para comemorar, decide tomar um sorvete. Mas, antes de poder saboreá-lo, as pessoas ao seu redor, que por acaso falavam ao celular naquele momento, enlouquecem.
Fora de si, começam a atacar e matar quem passa pela frente. Carros e caminhões colidem e avançam pelas calçadas em alta velocidade, destruindo tudo. Aviões batem nos prédios. Ouvem-se tiros e explosões vindos de todas as partes.
Neste cenário de horror, Clay usa seu pesado portfolio para defender um homem prestes a ser abatido, Tom McCourt, e eles se tornam amigos. Juntos, eles resgatam Alice Maxwell, uma menina de 15 anos que sobreviveu a um ataque da própria mãe.
Os três sortudos — entre outros poucos que estavam sem celular naquele dia — tentam se proteger ao mesmo tempo em que buscam desesperadamente o filho de Clay. Assim, em ritmo alucinante, se desenrola esta história. O desafio é sobreviver num mundo virado às avessas. Será possível?

Stephen King é, de fato, um nome que todo leitor já ouviu em algum momento da vida, mesmo que nunca tenha lido ou se interessado pelo seu trabalho. Quando mais novo, na exata época em que Crepúsculo estava em seu auge, eu nunca havia tido contato com a obra de King, mas quando li sobre uma polêmica declaração do autor sobre Stephenie Meyer e Harry Potter – se você não sabe do que estou falando, clique aqui –, imediatamente simpatizei com o cara. Logo fui correr atrás de ler algo dele, de quem eu já ouvira falar algumas vezes, e o primeiro King em que coloquei as mãos foi Celular (no original, Cell).

Na época, eu também estava numa curiosidade enorme de ler livros sobre zumbis, que, ao contrário de agora, não eram tão populares assim – tínhamos os de Max Brooks e mais um ou dois livros de autores obscuros e pouco divulgados –, e o que escolhi figurava em uma lista de livros sobre zumbis. E aí entra uma polêmica interessante. Porque para alguns leitores, dentre os quais eu me encaixo, Celular não é exatamente sobre zumbis.

O protagonista da história é Clay Riddel, um ilustrador que, depois de anos tentando vender sua graphic novel, finalmente encontra em Boston uma editora pra quem consegue vender e resolve comemorar comprando uma casquinha de sorvete. É interessante que logo aqui, nas primeiras páginas do livro, Stephen King deixa um easter egg: a tal graphic novel em que Clay trabalhou por tanto tempo, a qual é citada em mais alguns momentos da história e sempre soa muito familiar para o leitor familiarizado com A Torre Negra. Na fila do carrinho do sorvete, Clay vê uma mulher surtar atacando o sorveteiro e, olhando em volta, isso tudo se repete. Pessoas comendo outras vivas, matando e espancando umas as outras, atirando-se de prédios, batendo carros e espalhando o caos por toda a cidade. Mais tarde, ele e os sobreviventes dessa primeira onda de destruição percebem um padrão. Somente as pessoas que estavam falando ao celular naquele momento, por volta das três da tarde daquele dia, ficaram malucas com o que ouviram.

O suspense e desespero que vão se criando em torno da situação são sensacionais. Pensemos: quando nós vemos alguma coisa errada acontecendo na rua, quando de repente vemos a mulher na nossa frente na fila do sorvete pular pra cima do sorveteiro e rasgar a garganta dele com os dentes, qual é a primeira coisa que a maioria das pessoas pensaria em fazer? Pegar o telefone e chamar a polícia? Os bombeiros? E isso é uma das maiores sacadas da história. O caos se espalha por toda parte, e os personagens todos estão com muito medo de tentar pegar o telefone para ter notícias, pedir ajuda ou fazer o que quer que seja.

Celular é um livro simples, mas genial. É uma história de horror, suspense, drama e sobrevivência, no maior estilo apocalipse zumbi. Mas aí entra a discussão do zumbi. Zumbi, como estamos acostumados a ver, é aquele monstro morto-vivo que se alimenta de carne de gente viva; esse estado zumbi é normalmente apresentado como uma doença contagiosa, espalhada através da mordida dos monstros. Estamos acostumados a vê-los lentos, normalmente com pouca inteligência, mas há casos diferentes, como o dos zumbis de Madrugada dos Mortos (2004), que são velozes e muito mais mortais e agressivos que os clássicos zumbis. As criaturas de Celular, as pessoas afetadas pelo pulso transmitido nos telefones, se comportam no primeiro momento de forma muito parecida com zumbis. Comendo, matando e retalhando todas as pessoas e seres vivos que estiverem à vista, mas esse é um comportamento que muda no decorrer do livro. Não existe nenhum tipo de transmissor do estado fonático – que é como o termo phoner, que os personagens usam para se referir às pessoas afetadas pelo Pulso, foi traduzido –, a não ser o próprio Pulso. Não é uma doença contagiosa, como nos zumbis que estamos acostumados a ver. Após o Dia do Pulso, o comportamento dos fonáticos muda e eles deixam de destruir e matar tudo aleatoriamente no maior estilo zumbi clássico para se reunir e andar em bandos.

King desenvolveu os fonáticos de forma muito interessante e assustadora. O comportamento dessas pessoas só vai ficando mais assustador e estranho conforme os dias após o pulso vão passando. Eles demonstram inteligência e, em alguns momentos, se comunicam com os não-fonáticos, o que, na minha opinião, os desclassifica definitivamente da definição de zumbi (além de, é claro, o fato de eles não estarem mortos). Clay tem como objetivo encontrar o filho e a esposa, que estão em sua cidade, Kent Pond, que ele deixou ao viajar para Boston em busca de um contrato com uma editora. O tempo todo Clay se pergunta se a mulher e o filho foram pegos pelo Pulso, imagina se o filho estaria ao telefone no momento da primeira transmissão, ou se tentara usá-lo depois para pedir ajuda. Clay conhece outros sobreviventes no caminho e eles se juntam a ele em sua busca pelo filho.

O livro é cheio de ação, muito bem distribuída e equilibrada com o desenvolvimento dos personagens, drama e suspense. É tudo o que muitos livros com histórias de sobrevivência em apocalipse zumbi (exemplo: Apocalipse Z) tentaram em vão fazer: criar uma história bem escrita, pesada, mas que mantenha o leitor interessado o tempo todo em tudo o que está acontecendo e vai acontecer, desde a primeira até a última página. Foi a minha primeira leitura de Stephen King, que devorei avidamente em pouco mais de um dia, e é um dos meus livros favoritos do Mestre até hoje. O livro está ganhando uma adaptação para o cinema, que deve ser lançada no segundo semestre de 2014.

4 comentários:

  1. Olá Nicolas!
    muito boa a sua resenha, gostei principalmente da descrição dos "zumbis". Me despertou o interesse em conhecer esta obra do lendário King.
    e olha só! não sabia que estavam adaptando para o cinema! que legal! :)
    recentemente eu fiz uma resenha simples sobre O Cemitério, se quiser deixo aqui o link do meu quase blog rsrs
    http://draamin.blogspot.com.br/
    :)

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    1. Oi Carol! Celular é um livro muito bom, eu indico a todo mundo! Vou dar uma olhada na sua resenha de O Cemitério sim. Volte mais vezes! Abraço.

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  2. Oi Nicolas, adoro o King, mas sempre deixei esse livro de lado por não gostar de zumbis. Acho morto vivo muito nojento. Mas foi legal saber pela sua resenha que os fonáticos fogem ao conceito clássico dessas criaturas. Já vou colocar em minha lista. valeu a dica. No meu blog há uma resenha sobre oseu novo livro, além de muitas listas incluindo o autor. Se quiser conferir.

    http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Ronaldo, tudo bem? Poxa, dá uma chance pra esse livro! Eu mesmo hoje já estou bem de saco cheio de livros e filmes e qualquer outra coisa com a temática de zumbis, mas esse livro, por ter uma abordagem um pouco diferente dos monstros, e não focar só neles, vale bastante a pena. Tem todo aquele desenvolvimento de personagem que já é típico do King, e o suspense da trama é bem envolvente. Vale a pena!, tenta ler ele qualquer hora. Já está na hora d'eu criar vergonha pra reler esse livro, faz tantos anos que o li

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