O Espadachim de Carvão, de Affonso Solano


Affonso Solano
I.S.B.N.: 9788577343348
Edição: 1 / 2013
Fantasy - Casa da Palavra
256 páginas
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de que nunca poderia deixar sua morada.
Ao completar dezenove ciclos, no entanto, isso muda.
Testemunhando a ilha ser invadida por um misterioso grupo de assassinos, Adapak se vê forçado a fugir pela vida e se expor aos olhos do mundo pela primeira vez, aplicando seus conhecimentos e uma exótica técnica de combate na busca pela identidade daqueles que desejam a morte dos Deuses de Kurgala.

Nos últimos tempos, com todo o hype em torno de obras grandiosas de fantasia, como a de George R. R. Martin, tudo o que for produzido para o gênero será cruelmente comparado aos cânones das aventuras épicas em universos fantásticos. O gênero da fantasia tem crescido muito, ganhado subgêneros e influências cada vez mais diversos, uma vez que os autores têm tentado inovar mais e mais na cena cada vez mais acirrada.

Mesmo com a predominância dos estrangeiros, a cena do fantástico brasileiro tem crescido bastante. Sucessos de vendas como A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr, ou Dragões de Éter, de Raphael Draccon, e até mesmo, antes deles, os livros de André Vianco mostram que existe sim potencial em nossos autores e que seu imaginário pode disputar pau a pau com os estrangeiros. O Espadachim de Carvão é um fruto dessa nova fornada, que superou todas as minhas expectativas e foi uma surpresa muito boa.

O livro, do brasileiro Affonso Solano, conta a história de Adapak, o guerreiro que nomeia o livro e tem tal alcunha porque sua pele é tal qual o carvão, preta como a noite. O livro se passa num universo original, que vai sendo descrito sutilmente, ora discorrendo sobre a mitologia por trás da criação de Kurgala – o mundo –, ora nas descrições divertidas das várias espécies que o habitam. Na mitologia da história, o mundo um dia fora regido por quatro deuses, que não mais estão presentes e o teriam abandonado. Adapak é filho de um deles. Foi criado e educado longe dos olhos do mundo e, quando a história começa e ele é obrigado a correr de um lado ao outro e lidar com todos os tipos de pessoa, ele tem que aprender a ultrapassar toda a ingenuidade que tem.

Embora ingênuo, Adapak é um herói bastante badass. Solano descreve muito bem as cenas de ação e criou para o personagem uma espécie de arte de esgrimir, chamada de Círculos Thibaul. Toda vez que Adapak entra em conflito, visualiza os Círculos e consegue praticamente prever os movimentos de seus adversários, tornando-se um espadachim implacável. O UniverSolano é cheio de particularidades, e é apresentado e desvendado sem pompa e exagero, sem descrições longas e cansativas. O autor consegue manter um ritmo constante, que prende a atenção e exibe a vastidão de sua criação ao mesmo tempo em que conduz uma aventura contagiante.

O livro foi uma surpresa considerável. Uma leitura que comecei esperando um romance de fantasia lugar-comum, e acabei tendo uma história divertidíssima, com referências e influências sutis de ficção científica, cinema e videogames. Um livro que começa ok, se desenvolve bem, e acaba deixando um gosto enorme de quero mais. A história que começa aqui se conclui aqui, mas fica uma brecha aberta para uma continuação e eu realmente espero que ela aconteça e que tenha o dobro do tamanho do primeiro livro, porque este foi muito divertido e mal vejo a hora de repetir a dose e conhecer mais de Kurgala.


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