Sinopse:
Kiki é uma bruxinha que vive em um mundo não muito diferente do nosso, onde as bruxas são consideradas pessoas boas. E diz a tradição que quando as bruxas completam treze anos, elas devem sair de casa para um treinamento de um ano. E assim Kiki segue em uma jornada para iniciar seu treinamento. Pelo caminho encontra uma cidade onde decide ficar e abrir um serviço de entregas. Lá ela conhece muitas pessoas diferentes e se envolve em muitas aventuras.
Eu me senti inspirado a assistir a esse filme por intermédio de um vídeo do youtuber inglês Charlie McDonnel (charlieissocoollike). O vídeo falava sobre os vários filmes que mudaram sua vida, e esse me chamou a atenção por ser uma animação japonesa. A vontade de assistir cresceu mais ainda quando procurei a respeito e descobri que era do Studio Ghibli e dirigido por ninguém menos que Hayao Miyazaki, o "Walt Disney japonês".
Quase sempre mostrando mundos fantásticos, a complexidade das localizações surpreende até os olhos mais treinados. Cenários exuberantes, cheios de vida, cheios de animais. Isso se deve à própria crença pessoal de Hayao Miyazaki acerca do equilíbrio ideal entre homem e natureza.
Frequentemente seus filmes falam sobre a infância e a juventude. Mostram, de alguma forma, o equilíbrio entre as fases da vida, desde o começo até seu fim. O contato com a natureza e a desconstrução de um arquétipo de vilão, a desestruturação da visão maniqueísta do universo.
Neste filme em particular, eu tive que lidar com duas opiniões. A minha e a do Charlie, porque eu assisti à crítica antes do filme. Então tentei apagar a ideia que eu já tinha formada na cabeça. Não consegui.
Para o Charlie, o filme faz uma analogia perfeita com o bloqueio criativo. No caso, ele traça um paralelo entre uma parte do filme e sua própria jornada como escritor. A parte é quando Kiki, tão cansada do emprego nada recompensador, não consegue mais voar. A atividade que ela mais gostava, tão intuitiva, havia se tornado um desassossego, um mero vínculo empregatício.
Já eu não consegui fazer essa associação com tanta facilidade. Embora o filme seja doce, contado do ponto de vista de uma criança, não consegui me identificar tanto com a personagem. Kiki gosta de aventuras, tem um coração gigante e ajuda por ajudar.
Dou ao filme quatro estrelas. A animação espetacular me conquistou desde o primeiro instante. A história, porém, poderia ter sido mais desenvolvida em torno de certos problemas pessoais, como a insegurança e a perda daquilo que era mais familiar à protagonista. Em torno do abandono dos pais, da busca para encontrar uma cidade que a acolhesse, da descoberta de uma nova carreira onde pudesse fazer o que amava, de voar e da perda dessa mesma habilidade.
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