Pequena Abelha, de Chris Cleave





Chris Cleave
Editora Intrínseca
272 páginas
ISBN: 9788598078939
Encontre na Saraiva.

Sinopse:
Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa… Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola.

Perturbadora. Se fosse preciso descrever essa obra com apenas uma palavra, seria esta. Pequena Abelha é um livro que permanece para sempre na memória de quem lê e que é impossível passar despercebido. Com isso, quero dizer que não é um livro para passar o tempo, mas sim um que vai fazer você refletir por muitos dias após a leitura e querer recomendá-lo a cada amigo seu, porque definitivamente todos precisam conhecer essa história.

Se seu rosto está inchado pelas duras pancadas da vida, sorria e finja ser um homem gordo.
Provérbio nigeriano (pág. 7)

Logo na primeira página é apresentado esse provérbio, que implicitamente é a principal filosofia de uma das protagonistas, Abelhinha. Ela é uma menina de 16 anos cuja aldeia na Nigéria foi invadida por europeus para a extração de petróleo. Com isso, ela foi testemunha ocular de muitas mortes, inclusive da de sua família, tanto com propósito de exploração dos recursos naturais do local quanto devido a doenças infecciosas trazidas pelos soldados europeus.

Abelinha foi mantida em um centro de detenção de imigrantes no Reino Unido durante dois anos, como uma forma de asilo político. Nesse centro, dizia-se que, para sobreviver, era preciso ter boa aparência ou saber falar direito. Ela decidiu que falar direito seria a opção mais segura. Portanto, quando é libertada do lugar por um acaso bem oportuno, começamos a conhecer melhor nossa protagonista. Suas falas, quase sempre se lembrando das meninas de sua aldeia, são repletas de nostalgia e seguidas por uma pontada de dor.

Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: ‘Eu sobrevivi.’
(pág. 17)

É a partir desse pensamento de Abelhinha que podemos introduzir a outra protagonista, Sarah. Como nos é apresentado na sinopse, Pequena Abelha é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. De fato, esse dia é o ápice da obra, no qual uma delas precisou tomar uma decisão terrível. Esse é um dos motivos que levam o livro a ser inesquecível. Talvez pareça confuso, mas realmente dar mais informações do que isso sobre a conexão das duas protagonistas poderia estragar a experiência do leitor. O encanto está, sobretudo, na maneira como a história é contada.

A narrativa é feita em capítulos alternados entre as protagonistas Abelhinha e Sarah, todos em primeira pessoa. Dessa forma, é apresentada a história das duas, do passado para o presente, até que em um momento do livro essas histórias se encontram. São personagens antagônicas, Abelhinha não possui nada, nem família ou mesmo documentos, sabe apenas o próprio nome; e Sarah possui tudo, um ótimo emprego como editora de sua própria revista, dinheiro, um marido e um filho.

A reflexão que esse contraste entre as personagens traz é: quanto damos da nossa vida confortável para as pessoas que não têm o mesmo que nós? É, sobretudo, uma história sobre compaixão, contada com maestria por Chris Cleave, cuja narrativa comovente transborda uma sensibilidade ímpar.

Ao final, é impossível não se sentir incomodado com a realidade de muitas pessoas que ainda são vítimas daquilo que marcou a vida de Abelhinha e ainda estão sofrendo, perdendo seus familiares e morrendo, apenas por conta da ambição do homem.

Esse é o problema da felicidade – ela é toda construída em cima de alguma coisa que os homens querem. 
(pág. 85)

3 comentários:

  1. Olá Mariana,
    Desde que esse livro foi lançado tenho muita vontade de lê-lo.
    Quando comecei a ler essa resenha, senti meu coração apertado e acho que é isso que o livro causará em mim: um aperto no coração.
    Adorei as colocações que você fez e, pelo visto, precisarei burlar minha meta de não comprar mais nenhum livro para adquirir esse.
    Parabéns pelas palavras.
    Beijos
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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    1. Olá, Bruna!
      Concordo com a sua sensação de aperto no coração, pois confesso que foi isso que senti durante várias passagens do livro, inclusive com o final dele. Por esse e outros motivos que esse é um dos meus livros favoritos da vida e tento indicá-lo para o maior número de amigos possível.
      Fico feliz que tenha gostado da resenha a esse ponto e espero que goste ainda mais da leitura de Pequena Abelha.
      Obrigada pelos elogios :)
      Beijos :*

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