Ourives entrevista: Karen Harrington - Claros sinais de loucura, primeiras experiências como escritora e MAYDAY

Nós contatamos Karen Harrington, autora do livro Claros Sinais de Loucura – vem ver a nossa resenha! –, através do twitter. Após conseguir o apoio de nossa editora e tradutora Lígia, decidi aproveitar a oportunidade para entrevistá-la. Surpreendi-me com a receptividade dela. Tão cativante quanto sua protagonista, Karen é capaz de conquistar a admiração de qualquer leitor. 

Confira a seguir a entrevista onde a autora divide suas primeiras experiências como escritora, conta algumas curiosidades de Claros Sinais de Loucura e revela detalhes sobre Mayday:

Fiz uma breve comparação entre você e o escritor John Green em minha resenha. Ambos conseguem induzir os leitores a grandes reflexões sobre a própria vida. Ao escrever Claros Sinais de Loucura, você pretendia chegar a esse nível tão alto de complexidade? Qual foi o seu real objetivo?
Como surgiu a ideia do livro? Existe algo de biográfico?
Primeiramente, obrigada pelo elogio da comparação com John Green, um dos meus autores favoritos. Essa é uma grande honra!
Se eu puder, gostaria de responder aos dois primeiros conjuntos de perguntas juntos, porque eles são tão inter-relacionados. Inicialmente, eu comecei a escrever esse livro por causa de uma carta que eu recebi de um leitor do meu primeiro livro, Janeology. Esse livro conta a história de Jane Nelson, o crime que ela cometeu e como esses eventos trágicos impactaram para sempre sua família. Um leitor escreveu para mim questionando sobre o que teria acontecido à filha de Jane Nelson, Sarah.
Esse pensamento me intrigou por muitos meses! Eu acabei decidindo explorar o que aconteceu dez anos depois do famoso crime em Janeology. Eu comecei a escrever o livro sem pensar sobre o gênero ou grupo etário. Eu só queria ver como uma menina jovem lidaria com estar nas sombras de um progenitor infame. Meu único objetivo era expor a história dela e chamar atenção para uma menina que poderia encontrar compaixão por sua mãe de alguma forma. Surpreendeu-me um pouco descobrir ainda que Sarah encontraria compaixão por seu pai também.
Você é fã de O Sol É para Todos assim como a protagonista? O que te fez incluir essa característica na personagem? Existe algum significado especial para tal escolha?
Sim, eu fui fã de O Sol É para Todos a vida inteira. A história significava muito pra mim quando eu era uma jovem estudante, mas aí significou mais ainda quando eu a li como mãe. Eu sempre fui impressionada com o quão sábio Atticus Finch era e pensava que ele era realmente o pai ideal. Então, quando estava escrevendo esse livro, eu sabia que Sarah naturalmente também amava Mockingbird. (Essa provavelmente é a maior coisa que eu tenho em comum com essa personagem, além de ficar em pé no toco de árvore do meu quintal da frente e espiar os vizinhos quando eu era menina!) Eu queria que Sarah também se conectasse com um progenitor ideal, mesmo se ele só existisse no papel. Eu sabia que Atticus daria a ela muita esperança. Eu sabia que ela tiraria tanto daquele livro, assim como milhões de leitores fizeram ao longo das décadas
Consta em sua biografia que você começou a escrever no ensino fundamental. Quando você percebeu que esse dom se transformaria em um trabalho tão prazeroso?
Para mim, escrever sempre foi um escape, uma forma de expressar meus pensamentos e sentimentos. Meu professor de inglês da sexta série era um autor publicado e foi uma grande inspiração pra mim. Ele me fez querer escrever! E aí ler grandes livros me fez querer escrever. Eu acho que a maioria dos escritores escreve porque ama livros. Eu me sinto tão abençoada por poder continuar a escrever em tempo integral agora.
Karen sendo uma querida com as fãs
Por que você escolheu o gênero infanto-juvenil?
Por mais que eu não tenha escolhido escrever para crianças e adolescentes, agora eu acredito que escrever para essa audiência me escolheu! É engraçado como a vida frequentemente te dá presentes que você nem sabia que queria ou precisava, mas eu suponho que é assim que é com a minha escrita. Como eu aludi na sua outra pergunta, eu não me propus a escrever para nenhum grupo etário. Eu comecei a escrever a história de Sarah Nelson meramente pela minha curiosidade sobre sua vida. Mas eu tenho muito amor por histórias de amadurecimento e, agora que eu recebi a chance de escrever mais delas, eu me sinto muito abençoada.

Foi fácil escrever o seu primeiro livro ou você precisou passar por vários obstáculos internos? O pessimismo costuma te afligir?
Escrever meus primeiros livros não foi terrivelmente difícil, mas eles também não eram muito bons. Ha! (Eles não foram publicados.) Quanto mais eu escrevia, mais eu percebia que escrever se trata de edição. Eu amo o processo de edição e sou muito disciplinada agora. Minhas partes favoritas da escrita são espalhar todas as partes e pedaços como uma colcha de retalhos gigante. Gosto de mover as peças até que eu tenha criado o efeito e design que objetivo. Essa é a melhor parte do processo criativo.
Eu geralmente sou uma pessoa bem otimista. Você pode dizer também que eu sou uma grande sonhadora, e isso me ajudou em minha vida. De qualquer jeito, como a maioria dos escritores, eu passo sim por ciclos de dúvida e luta com a escrita. Eu aprendi que isso também é parte do processo. Isso me pressiona a me esforçar mais. Trabalhar mais. Aprender mais.
Como é o seu processo de escrita? Costuma ter bloqueios criativos? Se sim, o que faz para superá-los?
Para mim, eu não escrevo um esboço inteiro da trama. Eu gosto de ser surpreendida e descobrir onde a história está me levando enquanto eu escrevo. Eu gosto de me familiarizar com os personagens primeiro, então eu começo mantendo um diário e escrevendo anotações curtas escritas por cada personagem para conhecer seus pensamentos e sua voz. Isso foi tão divertido de fazer com Sarah Nelson!
Eu não sofro de bloqueios criativos, mas tenho medos. Eu tenho que passar pelos medos para continuar escrevendo. É preciso muita coragem para concluir uma história e saber que ela vai ser criticada e julgada. Mas, se você quer escrever, você tem que fazê-lo. A melhor forma que eu conheço de superar isso é sentar e dizer a si mesmo “Ok, só escreva 500 palavras hoje. Isso é tudo que você tem que fazer. Quinhentas palavras e você pode parar.” Fazer esse exercício ajuda bastante.

“O gênio (leia-se: escritor/autor) é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração.” Concorda?
Eu amo essa citação! Sim, concordo. Acho que, com qualquer forma de expressão artística, o artista começa com inspiração e aí tem que fazer o trabalho duro. Muito do processo criativo é só ser disciplinado e aparecer na escrivaninha do escritor ou no estúdio do artista todos os dias. Eu digo aos meus filhos o tempo todo que escrever não é diferente de aprender a tocar um instrumento musical ou jogar um esporte. Uma pessoa não senta e simplesmente começa a tocar piano lindamente sem primeiro passar muitas aulas praticando. Um corredor de maratona não simplesmente aparece no dia da corrida e compete sem treinar por meses e meses. É a mesma coisa com a escrita. Muitas horas de transpiração e prática fazem parte do trabalho. Para todo livro completo, um escritor escreve duzentas mil palavras de prática primeiro.
Poderia nos dizer um pouquinho sobre Mayday?
Obrigada por perguntar sobre esse novo livro. Eu estou muito animada com ele. Mayday é a história de um jovem sobrevivente de um acidente de avião e sua busca para recuperar duas coisas que perdeu no acidente: sua voz e a bandeira americana que estava levando para casa do funeral de seu tio. Ao mesmo tempo, ele está tentando entender onde se encaixa, no que acredita sobre patriotismo e o real significado do que é bravura.
Muito obrigada mais uma vez por me convidar ao seu blog hoje!
Karen Harrington é autora dos livros "Courage for Beginners" (2014, Little Brown Books) e "Sure Signs of Crazy" (2013, também lançado pela Little Brown Books), este lançado no Brasil em 2014 pela Intrínseca como "Claros Sinais de Loucura". Saiba mais sobre o livro no site da Intrínseca. Conheça o site da autora: karenharringtonbooks.com




2 comentários:

  1. Adorei a entrevista, Ana! Além da sua resenha, me fez querer ler ainda mais Claros Sinais de Loucura e fiquei curiosa a respeito de Janeology. A autora foi super fofa na entrevista, merece os parabéns também :D Espero por mais posts assim no blog. Beijinho :**

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    1. Obrigada, Mari! Que bom que gostou! Sim, a Karen é um amor. A receptividade dela é cativante. <3 Espero que você goste de Claros sinais de loucura. Continue acompanhando o blog! :*

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