Azul é a Cor Mais Quente, de Julie Maroh



Julie Maroh
Editora Martins Fontes
160 páginas
ISBN: 9788580631258
1ª edição - 2013

Sinopse:
O livro conta a história de Clementine, uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer. A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, Azul é a Cor Mais Quente surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros.

A história percorre várias facetas da vida de duas garotas, com foco na introvertida e delicada Clementine, que aos 15 anos descobre sua sexualidade e seus sentimentos por Emma, a marcante menina de cabelos azuis que atribui sentido ao título da obra. A narrativa se desenrola através de textos do diário de Clementine, os quais tem início nos anos 90 e mostram que nessa época na França ainda há um preconceito explícito contra homossexuais.

Esse preconceito é enfatizado pela mobilização política de Emma em paradas gays, buscando expressar o sofrimento que os homossexuais vivem todos os dias e os perigos da marginalização da homossexualidade e da transexualidade. Os próprios amigos e familiares de Clementine são preconceituosos e não compreendem sua orientação sexual, o que a deixa ainda mais insegura em seu relacionamento com Emma.

O romance entre as personagens enfatiza muito mais a visão poética e universal do amor, sem se prender a gêneros ou preceitos determinados pela sociedade francesa da época. Em uma das passagens de Emma isso é enfatizado, quando ela diz que, se fosse um rapaz, Clementine teria se apaixonado por ela do mesmo jeito.

Engana-se, porém, quem pensa que é apenas um romance entre duas meninas. É um romance que floresce suavemente, progredindo com o passar das páginas, juntamente com a personalidade de cada uma delas. Clementine é uma personagem feminina encantadora, que simboliza o medo que o ser humano sente de si mesmo, de suas escolhas e de seus desejos. Tais medos giram em torno de sua homossexualidade, já que ela se sente insegura por se sentir atraída por uma menina e não sabe lidar com isso. Emma é uma personagem admirável e cativante, principalmente pelo carinho enorme e pela proteção que demonstra por Clementine.

Essa obra me encantou, sobretudo, por fazer com que o leitor se sinta na pele da protagonista, causando, por muitas vezes, nós na garganta de quem está lendo. Demonstra também o quanto os personagens são bem construídos e conseguem transmitir toda a sua carga emocional ao leitor. Por tratar-se de um romance adulto, é uma obra sem hesitações e pudores, assim como todo amor deveria ser, principalmente nos dias atuais.

[...] O amor é abstrato demais, e indiscernível. Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existíssemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes... Então, o amor não pode não o ser também. O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima... nos reanima. O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos... 
(pág. 157)

5 comentários:

  1. Eu estou absolutamente louca para ler essa HQ!
    Adorei a resenha <3 Seguindo o blog *--*
    www.elaescreveu.com.br

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    1. Obrigada, Monique! Essa graphic novel está recomendadíssima, a intenção era essa mesmo :D
      Beijinhos e volte sempre :*

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  2. Esse livro e principalmente o filme teve uma repercussão muito grande, não foi?
    Tenho muita vontade de ler o livro, mas só de saber que a narrativa é por textos do diário de Clementine, me dá um pouco de desânimo. Nunca li livros assim, acho que me daria preguiça. =/
    Alguém me explica como um livro de apenas 160 páginas vira um filme de mais de 3 horas? O.o
    rsrs
    Amei esse quote, e sua resenha *---*
    Seguindo aqui.
    bjos

    DAMA DE FERRO

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    1. Olá, Érika!
      Então, ambos tiveram uma repercussão enorme assim que lançaram, porém eu li bem depois do lançamento e ainda nem vi o filme (mas tenho vontade de ver).
      O fato da narrativa ser por textos do diário de Clementine de nada afeta a fluidez do texto, pelo contrário, você fica cada vez mais apreensivo para saber como se deu o desfecho da história. A autora joga uma bomba bem no início e o que nos deixa curioso é saber como aquilo sucedeu. Posso dizer que não demorei mais de 2 dias pra concluir essa hq e, assim que terminei, tive vontade de ler novamente.
      E bem, o fato do filme ter 3 horas tem muito a ver com a origem do filme, que foi produzido na França. Dificilmente um filme francês tem menos de 2 horas. Também pelo o que me disseram, alguns fatos do livro são modificados ou acrescentados no filme, talvez por isso sua longa duração.
      Obrigada, Erika :D Se eu pudesse, colocaria outras quotes na resenha, porém todas seriam spoiler.
      Beijinhos e volte sempre :*

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  3. Olá!! Passei aqui para avisar que indiquei seu blog para a TAG The Liebster Award, dá uma olhadinha lá no que tem que fazer se você quiser participar ;)
    http://na-toca-do-coelho.blogspot.com.br/2015/03/tag-liebster-award.html

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