Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan
















Se você não viveu numa caverna durante os últimos dez anos, provavelmente já ouviu o nome “Percy Jackson” em algum lugar. Na escola, na TV, no cinema, na casa do seu primo... O jovem semideus é tão popular que seu nome já chegou até aos locais mais imprevisíveis. E não poderia ser diferente: vender mais de 15 milhões de livros ao redor do mundo, ganhar adaptação para o cinema e os quadrinhos e protagonizar mais de dez livros não é pra qualquer um. E é por isso que hoje vamos analisar “Percy Jackson e os Olimpianos”, primeira série de fantasia do americano Rick Riordan e uma das mais famosas da atualidade. Afinal, será que todo esse sucesso é fruto da sorte ou do talento? 

Se você estava de fato morando numa caverna (ou não) e desconhece a história, aí vai um breve resumo:
Percy Jackson nunca teve uma vida normal. Além de ter que lidar com a ausência de seu pai e suportar seu terrível padrasto, o jovem sofre de TDAH e dislexia, o que prejudica seu desempenho na escola e faz com que seja considerado uma criança problemática. Mas e se todas essas infelicidades estivessem, de alguma forma, conectadas? E se Percy descobrisse que os deuses antigos ainda vivem governando nosso mundo e que seu pai é um deles? E se, de repente, o jovem se visse no meio de um mundo mágico, porém perigoso, sendo acusado de um crime que não cometeu? Essas e outras perguntas são o que movem a trama do primeiro livro da série.

A fórmula já é conhecida: adolescente tem uma vida relativamente comum, até que ocorre fato “x” e ele descobre que tem origens complexas e habilidades especiais (não, ele não é um bruxo). Mas, embora possa parecer clichê, os fatores de real valor em Percy Jackson e os olimpianos estão por trás do enredo em si.

O mais impressionante é o modo como o autor adaptou a mitologia grega aos dias atuais sem parecer muito surreal. Sua escrita é tão crível que eu não me surpreenderia se encontrasse um sátiro comendo latas de refrigerante na esquina ou um pégaso cruzando as nuvens. Melhor ainda é ver que Riordan faz tudo isso sem alterar a essência histórica da mitologia, o que faz desses livros algo muito difícil de se encontrar hoje em dia: educativos e, ao mesmo tempo, extremamente leves e divertidos.

Nada melhor do que a jornada épica de um herói moderno pra nos ensinar história antiga.




















Enquanto esse aspecto realista/histórico é o diferencial da história, as qualidades típicas de outros livros YA também estão presentes. É impossível não ser cativado pela personalidade divertida de Percy ou não querer ser um semideus e lutar pelo acampamento meio-sangue. O mundo apresentado nessa série é quase tão envolvente quanto o dos bruxos de Harry Potter. 

A narrativa do autor também é muito mais engraçada e descontraída do que a dessa onda de livros sobrenaturais obscuros que estão surgindo por aí. O que passa longe de ser um defeito, muito pelo contrário: isso faz com que a série sirva para introduzir os jovens no mundo da leitura de maneira suave e prazerosa.

Mas, como nada é perfeito, a série também tem seus probleminhas. De longe, o que gera mais reclamação dos fãs é a repetição na estrutura do livros: Percy vivendo sua vida normalmente >> ele é atacado >> precisa correr para o acampamento meio-sangue >> recebe uma missão >> deve cumpri-la no estilo "corrida contra o tempo" >> (quase) tudo acaba bem. Se você procurar pela internet, não vai ter dificuldades em encontrar longos debates tendo isso como principal argumento para defender teorias negativas sobre o autor, como as que dizem que ele não sabe escrever ou que faz isso (apenas) por dinheiro.

De uma forma ou de outra, é impossível negar que “Percy Jackson e os Olimpianos” tem grande valor para a literatura moderna. Seja por ensinar mitologia de um modo divertido, por mostrar aos jovens como leitura e entretenimento caminham juntos ou simplesmente por apresentar uma história de qualidade que garante diversão para todas as idades. Rick Riordan pode até não ser o autor mais brilhante do mundo, mas é só ver a quantidade de best-sellers de sua autoria para concluir que ele já tem lugar garantido – e merecido – no cenário literário.

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